“À Espera de Turistas”
Da falta de perspectivas gerada pela globalização.
C&N
Cumprindo
seu período de serviços comunitários - na Alemanha, os jovens
podem
optar entre serviço militar ou serviços
comunitários, em diversas instalações, dentro e fora do país -
Sven (Alexander Fehling) chega a
Auschwitz, na Polônia, para
trabalhar no Museu do Holocausto. Entre suas funções
(manutenção e
apoio a guias), acaba tendo que também tomar conta de
Stanislaw
(Ryszard
Ronczewski), um velho e arrogante senhor polonês, sobrevivente do campo de
extermínio, que vive ali nos alojamentos, incumbido de reparar velhas malas
que
ficam em exposição e vão se deteriorando com o tempo. Obviamente mal
recebido
pelos poloneses - um jovem alemão ‘de volta’ a Auschwitz -, Sven acaba conhecendo
uma
jovem guia local, Ania (Barbara Wysocka), e estes
acabam se envolvendo na rotina cotidiana, à espera de turistas, como
diz
o título do filme.
Mais do que
uma tentativa de expiação,
ou
um rito de passagem para o personagem principal, o filme trata da falta de
perspectiva dos habitantes do local, relegados a trabalhar em uma única e
obsoleta fábrica que, por obra da globalização mundial, acaba de ser
adquirida
por uma empresa alemã que passa a reestruturá-la, modernizando suas
instalações
e, com isso, gerando uma onda de desemprego e insatisfação nos
funcionários.
A
fim de aplacar a opinião pública, resolvem prestar homenagens a Stanislaw
que,
neste caso sim, acaba funcionando como uma espécie de mea-culpa dos
alemães que, apesar das boas intenções, não resulta em uma situação
agradável
para ninguém.
O mais
interessante é
que nem a própria população do local parece dar muita atenção ao horrendo
passado do velho polonês, sendo que os mais jovens parecem nem se dão conta
do
que realmente ali aconteceu. Parece tudo saído de um muito longínquo e pouco
confiável capítulo da história. A palestra de Stanislaw aos
estagiários da fábrica ilustra bem esta situação.
Bom estudo do atual posicionamento
sócio-econômico europeu - apesar da demora em chegar aqui, já que o filme
é
de 2007 - “À Espera de Turistas” ilustra os rumos da
economia
no continente sem se desligar do fator humano, num belo mosaico de
personagens,
de suas motivações, e de como sua interação vai sutilmente cicatrizando
algumas
velhas feridas, e construindo algumas belas perspectivas.
Não
perca!
“À Espera de
Turistas” (“Am Ende kommen
Touristen” -
Alemanha - 2007 - 85’) Direção: Robert
Thalheim
Com: Alexander
Fehling,
Ryszard Ronczewski, Barbara Wysocka, Piotr
Rogucki e Rainer Sellien, entre outros.
Distribuição: Pandora
Filmes


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