Elenco coeso em um delicado filme.
C&N

Não que Williams
não esteja perfeita como Marilyn; ela personifica à perfeição a
lenda, em
seus momentos públicos e no que se imagina tenham sido seus momentos
privados -
repare na cena da visita de Marilyn ao castelo de Windsor,
quando
os criados a cercam de atenções e ela, divertida, pergunta: ‘Devo ser
‘ela’ agora?’, e Norma Jean automaticamente
‘liga’ a persona Monroe, para deslumbre de todos à sua
volta. Simplesmente impecável.
Mas o que faltou
ser comentado é a qualidade do elenco como um todo. É meio chover no
molhado falar de Kenneth Branagh ou Judi Dench, mas todos,
sem
exceção, parecem perfeitos em suas partes. Julia Ormond, por exemplo,
apesar da falta de semelhança física com Vivien Leigh, transmite de
forma
notável a insegurança da atriz que, já passada da idade, perde o papel que
desempenhara nos palcos para a jovem (e bela) Marilyn, ficando
bastante
insegura com relação ao marido, Laurence Olivier (Kenneth
Branagh, também merecidamente indicado ao
Oscar
em 2012, como Ator Coadjuvante), e suas
tentativas de flerte com a bombshell norte-americana. O que ela não
percebe é que a relação, num perfeito exemplo de quid pro quo, era
bastante proveitosa para ambos: ele, uma lenda dos palcos britânicos, tenta
se
tornar popular nas telas, e ela, produto do cinema, tenta ser respeitada
como
uma verdadeira atriz.
Destaque também
para pequenas participações que valorizam o resultado final como, por
exemplo,
Judi Dench como Dame Sybil Thorndike, a famosa atriz do teatro
britânico; Zoë Wanamaker como Paula Strasberg, confidente e
ensaiadora de Marilyn pelo método desenvolvido por seu marido, o ator
Lee Strasberg no Actors Studio, em Nova York; e
Emma Watson (longe da Hermione de Harry
Potter) como Lucy, o interesse romântico de
Colin
Clark, vivido por Eddie Redmayne.
A
respeito de Colin Clark vale destacar
que
o filme é baseado em seu livro, a respeito deste período específico de sua
vida,
quando teve uma relação tão próxima de Marilyn Monroe. Clark,
filho paternalizado de nobre família britânica, em sua paixão pelo cinema e
tentando ter um trabalho que fosse respeitado pelos seus, acaba conseguindo
se
envolver na produção de “O Príncipe Encantado” (The Prince
and
The Showgirl, 1957), como terceiro diretor assistente - traduzindo, o
faz-tudo do set de filmagens -, vindo a se tornar figura
fundamental no cronograma do filme, na medida em que se encarrega de que
Marilyn não chegue mais do que duas horas atrasada para as cenas do
dia.
Deste relacionamento nasce uma visão interna do fenômeno Marilyn
Monroe, seu processo, fraquezas e inseguranças. E, principalmente, o
ser
humano frágil e delicado que na realidade ela era. Com muita delicadeza, o
diretor Simon Curtis, de vasta experiência na televisão britânica,
consegue trazer à cena um belo retrato desta figura tão icônica da história
do
cinema.
“Sete Dias com
Marilyn”
(“My Week With
Marilyn” - Reino Unido / EUA - 2011 - 99’)
Direção: Simon Curtis
Com: Michelle Williams, Eddie Redmayne,
Kenneth Branagh, Julia Ormond, Judi
Dench, Dougray Scott, Dominic Cooper,
Zoë Wanamaker e Emma Watson, entre outros.
Distribuição: Imagem Filmes
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