Sabia que existe em Blu-ray?
“Crepúsculo dos Deuses”
C&N
Talvez uma das
tarefas mais difíceis para qualquer amante do cinema seja
determinar o melhor filme dirigido por Billy Wilder.
Isso
porque o cineasta foi um dos poucos que transitou por
diversos
gêneros sempre demonstrando uma regularidade incrível, criando
obras magistrais em qualquer tema. Mas, certamente, não existe um
admirador do cineasta que não seja fã de Crepúsculo dos
Deuses,
uma das maiores obras-primas criadas em Hollywood.
Inovador por
criticar a indústria do cinema norte-americana numa época em
que
poucos cineastas se arriscariam a fazer isso (o longa foi lançado em 1950),
Crepúsculo dos Deuses continua como o maior filme já
feito
sobre Hollywood, mesmo sendo seguido por diversos outros ao longo dos
anos.
Isso se deve ao
roteiro escrito por Wilder e seu grande parceiro Charles
Brackett, que, com precisão quase cirúrgica, narra o
relacionamento
entre um jovem roteirista falido (interpretado por William Holden, em
seu
primeiro trabalho com Wilder) e uma antiga e decadente estrela da
época
do cinema mudo, que atualmente vive reclusa em sua casa, esquecida
pelo tempo. Ao invés de cair no melodrama barato, os diálogos
disparam
farpas sobre a indústria do cinema, capaz de criar sonhos na tela
com
a mesma intensidade que destrói vidas em seus bastidores, de forma
cruel e fria.
O
roteiro, por sinal, já abre de forma
ousada ao mostrar o corpo do roteirista boiando numa piscina
e, a
partir daí, a história é narrada postumamente pelo personagem – algo
que
o premiado Beleza Americana homenagearia décadas
depois.
Mas, para ilustrar os últimos dias de vida do protagonista, é
necessário mergulhar em seu relacionamento com a diva
esquecida
pelo público, que passa os dias revendo seus próprios filmes e
aguardando insanamente convites para voltar a
atuar.
Com isso,
Wilder mexe num dos períodos mais sombrios da história de
Hollywood: a transição do cinema mudo para o sonoro,
que,
da noite para o dia, acabou com a carreira de diversos astros,
jogando-os
ao ostracismo.
Um
diretor bom teria criado um filme
magistral a partir deste ponto, mas Wilder mostra sua
genialidade ao contar sua história usando justamente
profissionais que foram esquecidos com o advento do cinema
falado:
Norma Desmond é interpretada por Gloria Swanson,
enquanto
seu mordomo (e antigo marido e diretor) é vivido pelo diretor
Erich
von Stroheim. Outros grandes nomes da Hollywood do passado
surgem na figura de amigos da atriz, como é o caso do comediante
Buster Keaton e de H.B. Warner, intérprete de Jesus Cristo na
versão de 1927 de O Rei dos Reis.
Usar atores reais
que praticamente interpretassem a si mesmos foi o plano inicial de
Wilder, que ofereceu o papel de Norma Desmond a Mae
West, Mary Pickford e Pola Negri. Enquanto Mae e
Pola simplesmente recusaram o papel, Mary Pickford ,
temendo que o personagem destruísse sua imagem, exigiu praticamente
controlar o projeto inteiro, o que fez Wilder desistir
de
contratá-la, escolhendo Gloria Swanson, que havia sido sugerida por
George Cukor. Quem também aparece no filme é a lendária
colunista Heda Hopper e, ao final (antológico) do filme, o cineasta
Cecil
B. De Mille, ambos interpretando a si próprios.
Mergulhando
cada
vez mais dentro da loucura de Norma (em cenas com diálogos que
hoje fazem parte da mitologia do cinema, como a clássica frase “eu
ainda sou grande, os filmes é que se tornaram pequenos”), Wilder mostra,
a
todo instante, o quanto a indústria do cinema pode ser cruel
ao
tratar ídolos do passado que não fazem mais sucesso – algo que poucos
diretores
teriam coragem de fazer.
Evidentemente,
o
filme caiu feito uma bomba em Hollywood - a lenda conta que o
chefão da MGM, Louis B. Mayer, teria deixado a
pré-estreia aos berros, afirmando que Wilder nunca mais
deveria filmar na vida (a mesma lenda afirma que Wilder caminhou até
o
executivo e respondeu com um palavrão). Mas o tempo fez justiça a
Crepúsculo dos Deuses, hoje visto como um dos maiores
filmes
hollywoodianos de todos os tempos e que finalmente chega à alta
definição pela Paramount.
Um
filme para ser visto (ou
revisto)
de joelhos.
Crepúsculo dos
Deuses
(Sunset
Boulevard
- EUA -
1950 - 110’ - preto e
branco) Direção:
Billy
Wilder Com:
Gloria Swanson,
William Holden, Nancy Olson, Erich Von Stroheim, Hedda Hopper, Buster Keaton
e
Cecil B. DeMille,
entre outros.
Vencedor dos Oscars de Roteiro, Direção de Arte e
Melhor
Trilha Sonora.
Blu-ray: Menu interativo: Seleção de cenas Tela: Widescreen
Anamórfico 16:9
Áudio: Mono Dolby Digital
e
True HD
Idioma: português, inglês,
espanhol e
francês Legendas: português, inglês,
espanhol e
francês Extras: O início / O lado noir de Sunset Boulevard /
Crepúsculo
dos Deuses torna-se um clássico / Dois lados de Gloria Swanson / Histórias
de
Crepúsculo dos Deuses / Loucos pelo garoto: um retrato de William Holden /
Olhando para o passado / Gravando a trilha sonora de Crepúsculo dos Deuses /
A
cidade de Crepúsculo dos Deuses /A música de Crepúsculo dos Deuses /Mapa das
locações em Hollywood / Os estúdios / Cena inédita (a Paramount não me
quer)
Distribuição: Paramount Home
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