“Intrusos”
Um trabalho que foge aos
padrões.
C&N
O
cultuado
cineasta espanhol Juan Carlos Fresnadillo, de “Intacto”
e
“Extermínio 2”, retorna com criatividade nesse seu conto de
horror urbano com acentuado clima de tensão. Explora os
medos
que todos nós tivemos quando crianças, de sonhos com criaturas
estranhas que saem do armário, invadem o quarto para causar tormento e
desespero. E também revela o poder da imaginação, que pode criar um
mundo
individual, que se confunde à realidade.
De
difícil classificação, para uns
“Intrusos” pode ser apontado como terror, outros
consideram um suspense psicológico (e bota psicológico nisso!), e tem
aqueles
que vão subdividi-lo na categoria fantasia. Pois bem, todos
estão corretos. Tem um pouco de cada gênero mencionado.
Começa com um
garoto no subúrbio da capital da Espanha que tem medo de um
ser
sem rosto, na realidade uma criatura encapuzada, que parece um
homem
e emite sons estranhos. Perturbado, o menino agarra-se à mãe, que o
leva
a um padre para entender o que há de errado na “cabeça” da criança – isto
porque
a mãe não tem a visão daquela assombração. No meio dessa trama, entra uma
outra, agora nos Estados Unidos: uma menina recebe a
visita noturna do mesmo ser. O pai dela também sente a
presença do intruso. A pergunta: tudo não se passa de uma alucinação ou
há
realmente manifestações sobrenaturais?
Diante das duas histórias constroem-se um inteligente quebra-cabeça, com
direito a sustos, medo e uma atmosfera de estranheza,
para
responder a única questão, que é a de revelar os mistérios em torno daquelas
famílias em risco.
Particularmente
o
filme me prendeu, como “O Sexto Sentido” e “Os
Outros” me deixaram atordoados. Exige-se, então, um desfecho
bárbaro para um roteiro desse calibre. O que infelizmente não
sucede
aqui. “Intrusos” termina sem surpreender, até ingênuo.
Imprevisível, curioso, mas não especial. Diante de sacadas perfeitas
de
montagem, fotografia bem cuidada, bom elenco (Clive
Owen e
Carice van Houten como os pais da menina norte-americana, e ainda o garoto
espanhol Izán Corchero são os pontos de destaque), história original,
clima de tensão a todo o momento, poderiam ter tido outra ideia, digamos,
que
chacoalhasse o público no sofá. Apesar de frouxo, carrega uma
mensagem positiva, de como sermos maduros para lidar com nossos
pesadelos
e medos, mesmo quando adultos.
Está longe de
ser
uma fita ruim. Pelo contrário, atrativa, diferente de muita coisa que
vemos por aí. Só que o experiente e premiado diretor encerrou com certo
rigor
que não funciona no cinema, meio quadrado e desapropriado. Já
aviso de antemão! Acho válido conhecer, independente disso. Procure nas
locadoras quando estiver interessado em um trabalho que foge aos
padrões das meras fitinhas hollywoodianas de terror
fantasmagóricas.
Co-produzida
nos
EUA, Inglaterra e Espanha, foi tremendo fracasso de bilheteria
e
quase faliu os produtores. Só para ter uma base, custou US$ 13
milhões, e
nos cinemas faturou apenas US$ 64 mil. Dá para imaginar o
desfalque desastroso? Já em DVD.
O Intruso /
Intrusos
(Intruders - EUA / Reino Unido / Espanha - 2011 - 100’) Direção:
Juan Carlos Fresnadillo Com: Clive Owen, Carice van Houten, Daniel
Brühl,
Pilar López de Ayala e Ella Purnell, entre outros.
Distribuição: Universal
Pictures
Nenhum comentário:
Postar um comentário