26 de novembro de 2012

“Intrusos”


Intrusos
Um trabalho que foge aos padrões.
C&N
O cultuado cineasta espanhol Juan Carlos Fresnadillo, de “Intacto” e “Extermínio 2”, retorna com criatividade nesse seu conto de horror urbano com acentuado clima de tensão. Explora os medos que todos nós tivemos quando crianças, de sonhos com criaturas estranhas que saem do armário, invadem o quarto para causar tormento e desespero. E também revela o poder da imaginação, que pode criar um mundo individual, que se confunde à realidade.
De difícil classificação, para uns “Intrusos” pode ser apontado como terror, outros consideram um suspense psicológico (e bota psicológico nisso!), e tem aqueles que vão subdividi-lo na categoria fantasia. Pois bem, todos estão corretos. Tem um pouco de cada gênero mencionado.
Começa com um garoto no subúrbio da capital da Espanha que tem medo de um ser sem rosto, na realidade uma criatura encapuzada, que parece um homem e emite sons estranhos. Perturbado, o menino agarra-se à mãe, que o leva a um padre para entender o que há de errado na “cabeça” da criança – isto porque a mãe não tem a visão daquela assombração. No meio dessa trama, entra uma outra, agora nos Estados Unidos: uma menina recebe a visita noturna do mesmo ser. O pai dela também sente a presença do intruso. A pergunta: tudo não se passa de uma alucinação ou há realmente manifestações sobrenaturais?
Diante das duas histórias constroem-se um inteligente quebra-cabeça, com direito a sustos, medo e uma atmosfera de estranheza, para responder a única questão, que é a de revelar os mistérios em torno daquelas famílias em risco.
Particularmente o filme me prendeu, como “O Sexto Sentido” e “Os Outros” me deixaram atordoados. Exige-se, então, um desfecho bárbaro para um roteiro desse calibre. O que infelizmente não sucede aqui. “Intrusos” termina sem surpreender, até ingênuo. Imprevisível, curioso, mas não especial. Diante de sacadas perfeitas de montagem, fotografia bem cuidada, bom elenco (Clive Owen e Carice van Houten como os pais da menina norte-americana, e ainda o garoto espanhol Izán Corchero são os pontos de destaque), história original, clima de tensão a todo o momento, poderiam ter tido outra ideia, digamos, que chacoalhasse o público no sofá. Apesar de frouxo, carrega uma mensagem positiva, de como sermos maduros para lidar com nossos pesadelos e medos, mesmo quando adultos.
Está longe de ser uma fita ruim. Pelo contrário, atrativa, diferente de muita coisa que vemos por aí. Só que o experiente e premiado diretor encerrou com certo rigor que não funciona no cinema, meio quadrado e desapropriado. Já aviso de antemão! Acho válido conhecer, independente disso. Procure nas locadoras quando estiver interessado em um trabalho que foge aos padrões das meras fitinhas hollywoodianas de terror fantasmagóricas.
Co-produzida nos EUA, Inglaterra e Espanha, foi tremendo fracasso de bilheteria e quase faliu os produtores. Só para ter uma base, custou US$ 13 milhões, e nos cinemas faturou apenas US$ 64 mil. Dá para imaginar o desfalque desastroso? Já em DVD.
O Intruso / Intrusos (Intruders - EUA / Reino Unido / Espanha - 2011 - 100’) Direção: Juan Carlos Fresnadillo Com: Clive Owen, Carice van Houten, Daniel Brühl, Pilar López de Ayala e Ella Purnell, entre outros.
Distribuição: Universal Pictures

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