Bel Ami, o Sedutor
Ainda que ambientado na
Paris
de 1890, o filme é atual e universal.
C&N
O
livro
clássico
que
o francês Guy de Maupassant publicou em 1885 é revisto pelo
cinema
europeu na coprodução ítalo-franco-britânica “Bel Ami”, que
aqui
no Brasil recebe o subtítulo “O Sedutor”. São várias as
adaptações que as TVs e os cinemas de vários cantos do
mundo já fizeram sobre o antigo texto. Até no Brasil já houve
uma
novela “Bel Ami”, onde Adryano Reis viveu o papel
principal, na TV Tupi de 1972. O fascínio se justifica:
provavelmente mais do que nunca, o alpinismo social, tema básico do
livro
e do filme, se pratica atualmente em escalas industriais.
Na época de Maupassant,
porém,
o sucesso não era medido pelo número de inserções que o
alpinista
em questão consegue obter na mídia, mas sim por outras injunções
políticas e sociais. Porém, igualzinho aos tempos de hoje,
a
cama já era uma das principais ferramentas para chegar ao
topo.
Neste novo
filme, o
roteiro assinado pela estreante em cinema Rachel Bennette sabe
mostrar com qualidade toda a sujeira dos jogos de poder. Com
bom
ritmo e subtramas eficientemente narradas, “Bel Ami” acompanha a
trajetória de Georges Duroy (Robert Pattinson,
da
saga “Crepúsculo”), um ex-soldado pobretão que é introduzido
na
alta sociedade francesa pelas mãos do ex-colega de exército
Charles
Forestier (Philip Glenister). Ao tomar contato com um
mundo de luxo e riqueza, Duroy logo
percebe
que seu poder de sedução sobre as mulheres – casadas ou não – poderá
lhe
abrir várias portas. Contudo, novato em questões de sordidez,
ele
se percebe vítima de suas próprias armações. Nada, porém, que o impeça de
aprender com seus erros e dar a volta por cima em meio à
podridão
das relações políticas e sociais, usando para isso as mesmas armas de
seus inimigos.
Ainda que ambientado na
Paris
de 1890, “Bel Ami, O Sedutor” é atual e
universal. Retratando as mais altas rodas do poder, apresenta
claramente o casamento apenas como um contrato comercial entre
as
partes interessadas (e interesseiras), e é maquiavélico ao validar a
destruição de culturas estrangeiras em prol do lucro financeiro (no
caso,
a invasão de Marrocos, mas basta trocar o nome do país para Iraque para
verificarmos o quanto o tema é contemporâneo). É fascinante também
como
toda a trama é armada pelos personagens femininos do filme,
que
arquitetam as necessárias armadilhas estratégicas para que elas
sejam,
pelo menos em aparências, disparadas pelos personagens masculinos, já
que
são os homens daquela época que se revestem do falso caráter de
credibilidade necessário para que o teatro do jogo político
seja
levado a cabo. E que atire a primeira entrevista quem acha que algo mudou
muito
daquela época para hoje. Aliás, o filme é tão atual que o
protagonista
chega a se tornar editor de um grande jornal, mesmo mal
sabendo
escrever, e sem conhecer nada do tema que edita.
Assim como a roteirista,
a
dupla de diretores também é estreante na tela grande. E não
faz
feio. Declan Donnellan e Nick Ormerod optam pela narrativa
clássica, linear, apoiando-se numa caprichada reconstituição de
época, produção esmerada, e trilha sonora retumbante assinada por
Lakshman Joseph de Sram e a premiada Rachel Portman (de
“Chocolate”). E o elenco ainda tem Uma Thurman, Kristin
Scott
Thomas e Cristina Ricci. Programão.
Bel Ami - O
Sedutor
(Bela
Ami -
Reino Unido / França / Itália - 2012 -
102’) Direção: Declan
Donnellan e Nick Ormerod Com: obert Pattinson, Uma Thurman, Kristin
Scott
Thomas, Christina Ricci, Colm Meaney e Philip Glenister, entre outros.
Distribuição:
Califórnia
Filmes
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