Gramado homenageia Juan José Campanella, o argentino
que
adoramos invejar.
C&N - Celso
Sabadin
Até mais do que os filmes da noite, o grande destaque do quinto dia do Festival de
Cinema de Gramado foi a homenagem prestada ao cineasta
argentino Juan José Campanella. Diretor do aclamado O
Filho
da Noiva e do não tão aclamado Clube da Lua (mas que
também é muito bom, ainda que subestimado), Campanella tem em casa o
objeto do desejo que os cineastas brasileiros ainda perseguem: um
Oscar de Filme Estrangeiro. A cobiçada estatueta foi mérito do ótimo
O Segredo dos Seus Olhos.
Agora, um
brilhante
Kikito de Cristal, homenagem que o Festival de Gramado
concede a diretores de cinema, fará companhia ao Oscar, na prateleira
de
Campanella. ”Esta é a primeira vez que eu ganho um prêmio pela
minha
obra, pela minha carreira, e não por um filme em específico – disse o
argentino.
Isso faz com que eu sinta esta premiação como algo mais particular, pois o
prêmio de um filme é sempre mérito de toda uma equipe”.
Campanella diz
que
sempre que vem ao Brasil pensa em como é estranho e
incômodo o desconhecimento que os brasileiros têm da Argentina
e
que os argentinos têm do Brasil. “Nas nossas escolas, deveriam
ensinar
Português, e não Francês, que não nos serve para nada, da mesma forma que
nas
escolas brasileiras deveriam ensinar Espanhol”, afirma. Ele diz que
parte da
culpa deste distanciamento cultural se deve a arcaicos
sistemas de
ensino “que preferem ensinar aos alunos muito mais sobre a Fenícia que
sobre
nossos vizinhos da América do Sul”.
E,
como todo bom argentino, faz sua bem
humorada provocação: “As relações entre Brasil e Argentina acabam ficando
restritas somente a uma folclórica rivalidade futebolística... onde a gente
ganha sempre...” . Por falar em futebol, no vídeo que foi exibido
em
homenagem ao cineasta, puderam ser vistas algumas cenas de
Metegol, seu próximo longa. Trata-se de uma animação 3D
onde pequenos jogadores de pebolim ganham vida e partem para uma
grande
aventura.
E
uma dica final: quem é fã de
Campanella
pode garimpar nas locadoras o DVD de O Mesmo Amor, a
Mesma
Chuva, de 1997, pouco visto no Brasil, que é uma espécie de
prequel de O Filho da Noiva.
Celso Sabadin viajou a Gramado a
convite
da organização do Festival.
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