Sexo, mantras
e
rock´n roll
O maior cantor de mantras
da
atualidade, aqui em Santos.
C&N
Nunca
dei
muita bola
para o gênero musical mais espiritual. Salvo algumas cantoras
das
igrejas americanas que derivaram para o Blues, na
maioria
das vezes achava que não era algo que me tocava, me parecia
uma
campanha de convencimento, rebanho em busca de
crescimento.
Foi aí que conheci uma
tradutora que me apresentou um cantor, de mantras. Não
foi
pessoalmente, o homem é americano, e vive em Nova York boa
parte
do tempo, ou alguma parte, ele gira o mundo com a sua música.
Mas,
voltando à tradutora, ela se aproximou numa sessão de autógrafos em
que
um dos autores da Realejo, o brasilianista Matthew
Shirts,
fazia em São Paulo. Ela presta serviço para a National
Geographic,
cuida da tradução dos textos contidos no site e de
vários
outros projetos editoriais.
Por ter
amizade
com o
Matthew ela estendeu este sentimento ao seu editor e me
ofereceu
conhecer um pouco do Krishna Das. Em busca de uma
editora
que investisse na autobiografia do cantor, pensou na nossa
Realejo.
A sessão de autógrafos estava
concorrida, era aniversário do Matthew e a fila estava
enorme -
abraços e autógrafos. Ana Ban (a tradutora) passava algumas
informações iniciais que prometiam um personagem interessante.
Primeiro
vocalista de uma banda de rock dos anos 1960, o
Blue
Oyster Cult, carregava a carga rockeira embaralhada com a
sabedoria da Índia, tendo como resultado mantras com um toque
ocidental,
pensei.
Saí do
lançamento
com Krishna Das na cabeça. Passados alguns dias, recebo um envelope
que
continha um CD e parte da tradução do futuro livro.
Li
passagens enquanto ouvia os
mantras.
Estranhei de começo, parecia um prato exótico, mas aos poucos
Krishna Das me convenceu, do jeito dele, sem ser chato ou
insistente.
O livro iria se intitular
“Cantar para Viver, em busca de um coração de ouro”, e a
história
de vida do garoto roqueiro que descobre a Índia me ganhou.
Humildade e verdade estão bem estampadas nas memórias espirituais do
cantor americano. Além do livro, a edição tem um CD com
mantras para o leitor cantar na companhia do Krishna Das.
O CD já tinha lugar no
aparelho de
som do meu carro, minha mulher e crianças já se familiarizaram com os
mantras - caminho era sem volta: topei publicar seu livro no
Brasil.
Liguei e confirmei a publicação,
e
em mais ou menos um ano o livro sairia. Foi quando tive a
maior das surpresas. A tradutora e agente me disse que
o
KD (os chegados usam as iniciais dele - como sou
chegado, usarei também) viria para o Brasil se apresentar no evento
Yoga pela Paz, e aproveitaria para fazer uma turnê com
algumas apresentações pelo país. Um dos seus pedidos era o de
conhecer
o seu editor no Brasil.
Dito e
feito: num sábado à tarde
desce
da van o maior cantor de mantras da atualidade, na nossa livraria e
editora,
aqui em Santos.
Com ele a incansável Ana
Ban,
dois músicos da sua banda e o produtor musical gaúcho, o
figuraça
Miranda.
Depois de beberem chá na
livraria,
eu e o Miranda brindamos com uma cachaça mineira, fomos para
um
programa musical diferente. Levei todos para uma roda de samba
que
acontece religiosamente (ops) no bairro do Marapé, o
Ouro
Verde.
A nossa
turma foi logo notada. O
destaque
era o Miranda, que por aparecer como jurado num programa de
jovens
aspirantes a músicos, virou celebridade. Mas chamaríamos a atenção de
qualquer maneira, KD com seus quase dois metros, camisa de
grunge, de flanela e seus companheiros com echarpes e olhares
de
gringo, caindo no samba?
Num dado
momento o
samba parou e toda a comitiva foi saudada pelos músicos, KD,
Miranda e nós cumprimentamos a todos para depois dançarmos ao som de
Paulinho da Viola.
Na semana
seguinte
fizemos uma sessão de autógrafos com show - acho que o certo é
kirtan, do KD. Incrível a força da música ao
vivo, entendi o porquê de tantos fãs espalhados pelo planeta.
Gosto
muito do livro, dos
mantras, e do Krishna Das. Espero que ele tenha gostado
também da sua editora no Brasil.
tahan@realejolivros.com.br
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