Festival de Gramado
2012
Segundo dia:
Surpreendente, Jair
Rodrigues
faz misto de papel cômico/dramático em “Super
Nada”.
C&N - Celso
Sabadin
O
segundo
longa-metragem da Mostra Competitiva do 40º Festival de Cinema
de
Gramado foi o representante paulista “Super Nada”, de
Rubens Rewald (não confundir com o crítico quase homônimo). O filme
investiga e desmistifica o universo da profissão de
ator,
através do ponto de vista de Guto (Marat Descartes, ótimo).
Fazendo locução para comerciais, participando de
“pegadinhas” em programas populares de televisão, ou atuando
como
palhaço em pequenos teatros, Guto luta como pode para
tentar sobreviver, com alguma dignidade, da sua – tão difícil –
profissão. Tematicamente, o filme aqui apresenta pontos em
comum
com o ótimo “Riscado”. Até que surge na vida de
Guto
aquilo que ele considera “o teste de sua vida”: atuar no programa
humorístico de TV “Super Nada”, ao lado de um velho
palhaço, que foi ídolo de sua infância.
“Super Nada” se
reveste de uma aura de decadência presente em todos os detalhes e
subtramas. Fazem parte da vida do protagonista um sofá de
pé
quebrado, um engradado plástico que serve de mesa de TV,
um
parceiro de trabalho que o ama e odeia na mesma
intensidade, e uma namorada bipolar. Não é pouca coisa.
Estruturalmente,
o filme se assemelha ao seu personagem principal: um
pouco
perdido, derivativo em excesso em alguns momentos,
poético
em outros, eventualmente surpreendente, mas sempre mantendo certo
charme de patética decadência.
Dizer que
Marat
Descartes é um ótimo ator (aliás, como eu já disse neste texto) é
chover no molhado, e aqui o papel parece ter sido
feito
sob medida para ele. A maior surpresa, porém, fica por conta do veterano
cantor Jair Rodrigues vivendo convincentemente um velho
palhaço
cujo mote de vida é “Não tá fácil pra ninguém”.
Rewald afirma
que
Jair não foi sua primeira escolha para o papel, mas recebeu
várias negativas de atores mais conhecidos (Tarcísio Meira, entre
eles),
por se tratar de um papel de alto risco. Outros talentos
cotados
que quase fecharam contrato foram Otávio Augusto e Marcos
Caruso, que se encantaram pelo papel, mas incompatibilidades de
agendas inviabilizaram a contratação. Com os prazos quase
estourados, Rewald teve a ideia de chamar Jair
Rodrigues, e
tudo acabou dando certo, após algumas necessárias adaptações de
roteiro para a entrada do cantor no filme.
O
filme está programado para entrar
em
circuito comercial, pela Lume Filmes, ainda este ano.
Celso Sabadin viajou a Gramado a
convite
da organização do Festival.
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