‘Sabia que existe em Blu-ray?’
“M.A.S.H.”
C&N
É notório que as grandes premiações do mundo do
cinema possuem certo descaso – para não usar a palavra
preconceito
– com alguns gêneros. Ficção científica e
fantasia
são normalmente os primeiros a ser lembrados (ao menos até O Senhor
dos
Anéis – O Retorno do Rei conquistar uma enxurrada de Oscar), mas o
mesmo ocorre com a comédia. Dificilmente uma produção
do
gênero, por melhor que seja, conquista algum prêmio importante – e talvez a
grande exceção seja M. A. S. H., vencedor da
Palma de
Ouro em Cannes.
Entretanto, o
grande mérito do filme assinado por Robert Altman talvez não fique
restrito aos prêmios (mesmo porque, décadas antes, Aconteceu Naquela
Noite já havia conquistado os membros da Academia), mas sim à sua
coragem: afinal, mesmo com um roteiro que se passa na Guerra da
Coréia, é evidente que o longa está abordando o espinhoso assunto da
Guerra do Vietnã, algo totalmente impensável à época do seu
lançamento,
em 1970.
Cenário político à
parte, M. A. S. H. é um filme que, ao ser assistido hoje,
chega a
espantar pela sua qualidade – especialmente quando se analisa o modo
que
foi filmado. Praticamente todas suas cenas são improvisadas e
com
muitos diálogos ocorrendo simultaneamente, o que coloca a montagem do
filme no nível de um verdadeiro milagre.
Méritos de
Robert Altman, que dá uma aula de direção ao manter “em ordem” o
cenário caótico de um acampamento médico do exército
americano, localizado próximo ao front de batalha. Claro que
alguns
personagens podem ser colocados como os principais – com destaque para os
cirurgiões interpretados por Donald Sutherland e Elliot
Gould –
mas o verdadeiro personagem central da trama é o acampamento em si, cujo dia
a
dia mescla cirurgias – retratadas de forma quase crua – e as
trapalhadas de seus médicos, muito mais interessados em
beber e farrear com as enfermeiras.
Este tom
anárquico
da obra, que muitas vezes lembra as chanchadas adolescentes dos anos 1980 é
justamente o ponto forte de M. A. S. H., já que provoca uma
gargalhada atrás da outra, além de ser uma crítica ácida às
guerras – o filme é famoso por ter apenas um único tiro
disparado,
e isso ocorre somente para dar início a uma partida de futebol
americano. Assim, Altman mostra que o heroísmo dos
militares
americanos, tão exaltado nos filmes hollywoodianos ao longo de décadas, era
algo, no mínimo, irreal.
Além do talento
na
direção, Altman também mostrou malandragem ao enganar os executivos
da
Fox durante toda a produção. “O filme na verdade não foi
feito, ele escapou”, disse o diretor.
Isso porque,
como a
diretoria da Fox estava mais preocupada com outras duas
grandes
produções (que, coincidentemente, também eram filmes de guerra:
Patton –
Rebelde ou Herói? e Tora! Tora! Tora!), sobrou espaço
para
que Altman pintasse e bordasse em cima do roteiro. Assim, além de
mostrar
sexo e drogas, fez questão de apagar todas as menções à
Coréia, para que o público percebesse que ele estava falando do
Vietnã (o texto introdutório ambientando o filme da Guerra da Coreia
foi
uma exigência do estúdio).
Mas claro que
os
executivos adoraram quando o longa foi aclamado por público e
crítica, transformando muito de seus atores em astros de primeira grandeza
(o
elenco conta ainda com nomes como Tom Skerrit, Robert Duvall e
Sally Kellerman). O resultado foi a criação da série de TV,
que
ficou no ar por 11 temporadas e fez enorme sucesso junto ao público –
apesar de Robert Altman tê-la classificado como um
“lixo”.
Contudo, pouca
gente sabe, mas a série M. A. S. H. chegou a ter outros
desdobramentos. Ao final do seriado, a Fox colocou na
televisão o seriado After M. A. S. H., que mostrava o destino
dos
personagens principais após o conflito, e, em 1988, surgiu Trapper
John
M.D., que colocava o personagem de Gould (agora interpretado
por
Pernell Roberts, trabalhando num hospital nos dias atuais – ou seja, quase
trinta anos após o filme).
E, por fim,
Gary
Burghoff, único ator do longa original a participar da série
principal (e também de After M. A. S. H.) estrelou
W. A.
L. T. E. R., piloto de uma série (que nunca foi para a frete) sobre
a
entrada de seu famoso personagem, Radar O’Reilly, na
polícia.
Entretanto,
após
alguns anos a Fox deixou M. A. S. H. de lado,
desistindo de transformar a marca em uma franquia. Mas, independente disso,
o
filme original, disponível em Blu-ray no Brasil, continua com seu valor
intacto,
sendo reconhecido como uma das melhores e mais corajosas
comédias do cinema moderno. Veja aqui o trailer original
de
cinema de M.A.S.H.
“M.A.S.H.” (EUA -
1970 -
115’)
Direção:
Robert Altman Com:
Donald Sutherland, Elliott Gould, Tom Skerrit, Robert Duvall e
Sally
Kellerman,
entre outros.
Blu-ray: Menu interativo -
Seleção
de cenas Tela:
Widescreen
Áudio: Dolby Digital 5.1
Idioma:
português,
espanhol, francês e inglês Legendas: português, espanhol, francês e
inglês
Extras: Comentários do Diretor /
Galeria de Fotos / Bastidores / TrailerDistribuição:
20th Century Fox Home
Entertainment
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