“The Baker’s
Wife”
‘The Baker’s Wife é um dos
maiores fracassos e uma das melhores gravações dos anos 1970!’’.
C&N
A maravilhosa gravação do musical The Baker’s Wife
- Original
Cast,
1976
(Take
Home Tunes) continua a mistificar os ouvintes a respeito de porquê este show
foi
um dos maiores fracassos da Broadway. Baseado na peça, e no subsequente
filme
Frances La Femme Du Boulanger (A
Mulher
do Padeiro, 1938), de Marcel
Pagnol e Jean Giono, teve
libreto de Joseph Stein, com
música
e letras de Stephen Schwartz. A
fábula toma lugar na França provinciana de muito tempo atrás, quando a jovem
esposa de um padeiro de meia-idade o deixa, para ter um tórrido affair com um belo e jovem aldeão. O
show fechou antes mesmo de chegar à Broadway, tendo a maioria do elenco, e
da
equipe criativa, substituído durante seus prolongados tryouts.
Era para ter no
elenco o famoso ator israelense Topol, de Um
Violinista no Telhado, naquela que seria sua estreia nos palcos
americanos. Quando finalmente estreou em Washington, os protagonistas eram
Paul Sorvino, cuja voz
semioperística
soa ótima nas canções de Aimable, o padeiro; Patti LuPone, como sua esposa Genevieve, beltando aos céus quando precisa,
mas
também maravilhosamente calorosa nas passagens mais líricas do score; Kurt Peterson apropriadamente sexy
como
seu jovem amante Dominique; e
Teri Ralston como Denise, uma mulher do
vilarejo
que canta a bela “Chanson”
com sua voz de soprano clara e suave.
Todas as músicas
cantadas pelos protagonistas são ótimas, desde os números que estabelecem o
personagem como “Merci, Madame”,
às baladas arrebatadoras como “Endless
Delights”. Outros pontos altos incluem
“Gifts of Love”,
uma peça linda e comovente onde Genevieve se resigna a um
casamento que é baseado em companheirismo em vez de paixão, e “Proud Lady”
cantada pelo empertigado e empavonado Dominique.
Porém, a canção
que
tornou The Baker’s Wife famoso foi
“Meadowlark”.
Aqui a gente vê que LuPonne não
consegue errar em nada que faz. Nesta canção-história magnífica, ela canta
com
todo o belt que tem direito seu
dilema, de abandonar o marido velho por um rapaz mais novo e bonito, em
forma de
alegoria. Stephen Schwartz
compôs
uma daquelas músicas da Broadway que muito poucas podem cantar, porque ela
fica
situada acima do alcance vocal da maioria das mulheres. Ouça Patti beltando num mi agudíssimo na
palavra “pa-a-a-a-ast” da música. O lado
bizarro
é que o produtor David Merrick
odiava esta canção! Na realidade, ele queria cortá-la do show, de forma que
chegou a roubar as partituras do fosso da orquestra e, em uma apresentação
“Meadowlark”, não foi
executada.
Felizmente a canção permaneceu, e foi gravada por Sarah Brightman,
Betty Buckley, Susan Egan, Liz Callaway, Sandy Campbell, Dianne Pilkington, Rosalind Kind e
Susannah Mars dentre outras. O score de Schwartz difere impressionantemente
do
estilo de seus supersucessos Godspell e Pippin, e este CD ostenta
orquestrações fascinantes.
The Baker’s
Wife confirma a tese que se para
o
sucesso não há fórmula... Para o fracasso sempre surge um monte de
explicações.
Desta forma, para quem se pergunta como um musical com ótimos atores e
grandes
canções pode ter sido um grande fiasco, a crítica da época respondeu dizendo
que
todas as cenas e músicas envolvendo o coro pitoresco pareciam encheção de linguiça, e o belo score, em última análise, acabava
desapontando por causa da tenuidade do conjunto. Existiam outros problemas:
a
história previsível, com poucas dúvidas de que a esposa iria voltar para o
padeiro, e o jovem amante era um personagem frio, insensível e sem
compaixão.
Quando as
pessoas
ouvem o CD de The Baker’s Wife logo têm
vontade de
produzir o show, mas este insucesso, em particular, nunca é suscetível de
funcionar completamente, e pode ser este o motivo pelo qual nunca foi
tentado de
novo na Broadway.
Cláudio Erlichman
é
publicitário
e produtor
cultural.
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