‘‘Sete Dias com
Marilyn”
Centralizado na
mítica atriz, longa vale também pela recriação de uma filmagem
atribulada.
C&N
No
próximo
dia 5,
completam-se 50 anos da morte de Marilyn Monroe
(1925-1962). Oficialmente causada por overdose de remédios, na
ocasião e
mesmo depois, proliferaram textos a respeito de seu óbito. Enquanto ganhava
mais
espaço a hipótese de um assassinato por encomenda, provocado
por
seu envolvimento carnal com Robert Kennedy, então ministro da Justiça
dos
Estados Unidos, e irmão do presidente John Kennedy, perdia força a de
suicídio ou acidente. Diante dessas duas possibilidades, alguns
apontaram
a indústria de Hollywood, em especial a Fox, como responsável
por
seu falecimento. É que, dias antes, ela havia sido despedida
daquele estúdio devido aos constantes atrasos e ausências nas
filmagens de “Something’s Got to
Give” que estava sendo dirigido pelo veterano e competente George
Cukor (“A Dama das
Camélias”, “Nasce uma
Estrela”). Uma decisão drástica que, após a morte, gerou
acusações tipo “frieza do sistema” ou “desumanidade de
Hollywood”.
E até mesmo uma canção, “Who
Killed
Norma Jean?” (o nome verdadeiro de Marilyn), foi lançada. Uma
indignação injusta, afinal ela não é a única atriz do planeta a sofrer
tal
tipo de retaliação por causa dessa ausência de
profissionalismo e
que causa muitos prejuízos criativos e financeiros aos responsáveis por
qualquer
filme. Em diversas nações, muitos intérpretes já tiveram as
suas
carreiras prejudicadas por conta de comportamentos similares. E a
deusa
loira já tinha um histórico a respeito, marcante em 1961 na feitura
de
“Os Desajustados”
(“The
Misfits”), com roteiro de seu então marido, o dramaturgo Arthur
Miller.
“Sete Dias com Marilyn”
(“My
Week with Marilyn”) traz justamente um período da vida dela onde
essa
conduta aparece com destaque. Tendo por base dois
livros de
memórias de Colin Clark, evoca momentos da atriz na Inglaterra
de
1956, quando atuava em “O
Príncipe Encantado”, uma adaptação da peça de Terence
Rattigan
onde interpretou a corista Elsie que desperta a paixão de um
nobre. Narrado na primeira pessoa por Colin (Eddie Redmayne, o
Jack da série “Os Pilares
da
Terra”), então um dos assistentes de direção, mostra as
complicações geradas pela instabilidade e atrasos de
Marilyn na filmagem. Sir Laurence Olivier (Kenneth Branagh),
que
também fazia o papel do príncipe, era o diretor e seu
nervosismo
vai aumentando diante da insegurança e indisciplina da sua protagonista.
Clark é quem tem mais chances de melhorar o clima da produção,
pois ela se afeiçoa ao rapaz.
Dirigido com eficaz simplicidade
por
Simon Curtis (mais conhecido por telefilmes britânicos), “Sete Dias Com Marilyn” não
se
preocupa em ir além das memórias de Clark sobre esses agitados
dias de sua juventude. Mesclando deslumbramento pelo ídolo e
pelo
cinema, o autor nos mostra a Marilyn exaustivamente
descrita por aqueles que a conheceram: amável, intimamente indecisa e
incapaz de ter uma correta percepção da realidade que a cercava. No caso,
uma
produção da qual era sócia. E de acordo com o roteiro de Adrian
Hedges, essa visão centrada nela mesma era reforçada (ou não era
enfrentada)
por aqueles que a cercavam. Como o seu sócio e agente Milton Greene
(Dominic Cooper, de “O Dublê do
Diabo” onde está excelente em papel duplo), o seu marido
Arthur
Miller (Dougray Scott, o melhor do filme em semelhança física com
personagem
verídico), e a sua pessoal, Paula Strasberg (Zöe Wanamaker), filha de
Lee Strasberg, o criador e principal professor do Actors
Studio. As suas interferências exasperavam Oliver,
como
aconteceria com qualquer diretor. Isso se repetiu com outra personal director de Marilyn,
uma
russa, no inacabado “Something’s
Got
to Give”; o sereno Cukor perdeu a paciência, conforme
se
percebe nos extras da Coleção Marilyn Monroe.
Michelle
Williams
é
quem tem mais responsabilidade no elenco. A tarefa de
interpretar
uma personalidade mítica torna-se mais difícil quando ela tem a sua
imagem em frequente exposição na mídia e nas exibições de seus filmes em
salas e
no lar. Caso da deusa de Hollywood. Laureada com vários
prêmios
(inclusive o Globo de Ouro) e finalista ao Oscar, Michelle não
consegue ser uma plena Marilyn: faltou a brejeirice que ela sempre
transmitia, e
sobrou uma expressão severa que ajuda a expressar o desamparo
da
falecida atriz. Mas o seu trabalho não compromete “Sete Dias com Marilyn”, que
vale
principalmente como uma homenagem ao cinema, um retrato das
dificuldades
que existem na realização de um filme. É ainda uma ode
ao
trabalho e a dedicação de um assistente de direção, talvez a primeira
da
história do Cinema.
Alfredo
Sternheim é cineasta, jornalista e escritor
“Sete Dias com Marilyn” (“My Week with Marilyn” -
Inglaterra/Estados Unidos - 2011 - 99´) Direção: Simon Curtis Com: Michelle Williams, Eddie Redmayne, Kenneth
Branagh, Judi Dench, Emma Watson, Dominic Cooper, Zöe Wanamaker, Douglas
Scott,
Julia Ormond, Toby Jones, Jim Carter, Derek Jacobi, entre outros
DVD: Menu interativo - Seleção de cenas Tela: 16.9 Wildscreen Anamórfico Áudio: Dolby Digital (5.1) Idioma: inglês e
português Legenda: português e inglês
Distribuição: Imagem Filmes
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