8 de agosto de 2012

Bel Ami, o Sedutor


Bel Ami, o Sedutor
Ainda que ambientado na Paris de 1890, o filme é atual e universal.
C&N
O livro clássico que o francês Guy de Maupassant publicou em 1885 é revisto pelo cinema europeu na coprodução ítalo-franco-britânica “Bel Ami”, que aqui no Brasil recebe o subtítulo “O Sedutor”. São várias as adaptações que as TVs e os cinemas de vários cantos do mundo já fizeram sobre o antigo texto. Até no Brasil já houve uma novela “Bel Ami”, onde Adryano Reis viveu o papel principal, na TV Tupi de 1972. O fascínio se justifica: provavelmente mais do que nunca, o alpinismo social, tema básico do livro e do filme, se pratica atualmente em escalas industriais.
Na época de Maupassant, porém, o sucesso não era medido pelo número de inserções que o alpinista em questão consegue obter na mídia, mas sim por outras injunções políticas e sociais. Porém, igualzinho aos tempos de hoje, a cama já era uma das principais ferramentas para chegar ao topo.
Neste novo filme, o roteiro assinado pela estreante em cinema Rachel Bennette sabe mostrar com qualidade toda a sujeira dos jogos de poder. Com bom ritmo e subtramas eficientemente narradas, “Bel Ami” acompanha a trajetória de Georges Duroy (Robert Pattinson, da saga “Crepúsculo”), um ex-soldado pobretão que é introduzido na alta sociedade francesa pelas mãos do ex-colega de exército Charles Forestier (Philip Glenister). Ao tomar contato com um mundo de luxo e riqueza, Duroy logo percebe que seu poder de sedução sobre as mulheres – casadas ou não – poderá lhe abrir várias portas. Contudo, novato em questões de sordidez, ele se percebe vítima de suas próprias armações. Nada, porém, que o impeça de aprender com seus erros e dar a volta por cima em meio à podridão das relações políticas e sociais, usando para isso as mesmas armas de seus inimigos.
Ainda que ambientado na Paris de 1890, “Bel Ami, O Sedutor” é atual e universal. Retratando as mais altas rodas do poder, apresenta claramente o casamento apenas como um contrato comercial entre as partes interessadas (e interesseiras), e é maquiavélico ao validar a destruição de culturas estrangeiras em prol do lucro financeiro (no caso, a invasão de Marrocos, mas basta trocar o nome do país para Iraque para verificarmos o quanto o tema é contemporâneo). É fascinante também como toda a trama é armada pelos personagens femininos do filme, que arquitetam as necessárias armadilhas estratégicas para que elas sejam, pelo menos em aparências, disparadas pelos personagens masculinos, já que são os homens daquela época que se revestem do falso caráter de credibilidade necessário para que o teatro do jogo político seja levado a cabo. E que atire a primeira entrevista quem acha que algo mudou muito daquela época para hoje. Aliás, o filme é tão atual que o protagonista chega a se tornar editor de um grande jornal, mesmo mal sabendo escrever, e sem conhecer nada do tema que edita.
Assim como a roteirista, a dupla de diretores também é estreante na tela grande. E não faz feio. Declan Donnellan e Nick Ormerod optam pela narrativa clássica, linear, apoiando-se numa caprichada reconstituição de época, produção esmerada, e trilha sonora retumbante assinada por Lakshman Joseph de Sram e a premiada Rachel Portman (de “Chocolate”). E o elenco ainda tem Uma Thurman, Kristin Scott Thomas e Cristina Ricci. Programão.
Bel Ami - O Sedutor (Bela Ami - Reino Unido / França / Itália - 2012 - 102’) Direção: Declan Donnellan e Nick Ormerod Com: obert Pattinson, Uma Thurman, Kristin Scott Thomas, Christina Ricci, Colm Meaney e Philip Glenister, entre outros.
Distribuição: Califórnia Filmes

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