15 de agosto de 2012

Festival de Gramado 2012


Festival de Gramado 2012
Segundo dia: Surpreendente, Jair Rodrigues faz misto de papel cômico/dramático em Super Nada.
C&N - Celso Sabadin
O segundo longa-metragem da Mostra Competitiva do 40º Festival de Cinema de Gramado foi o representante paulista “Super Nada”, de Rubens Rewald (não confundir com o crítico quase homônimo). O filme investiga e desmistifica o universo da profissão de ator, através do ponto de vista de Guto (Marat Descartes, ótimo). Fazendo locução para comerciais, participando de “pegadinhas” em programas populares de televisão, ou atuando como palhaço em pequenos teatros, Guto luta como pode para tentar sobreviver, com alguma dignidade, da sua – tão difícil – profissão. Tematicamente, o filme aqui apresenta pontos em comum com o ótimo “Riscado”. Até que surge na vida de Guto aquilo que ele considera “o teste de sua vida”: atuar no programa humorístico de TV “Super Nada”, ao lado de um velho palhaço, que foi ídolo de sua infância.
“Super Nada” se reveste de uma aura de decadência presente em todos os detalhes e subtramas. Fazem parte da vida do protagonista um sofá de pé quebrado, um engradado plástico que serve de mesa de TV, um parceiro de trabalho que o ama e odeia na mesma intensidade, e uma namorada bipolar. Não é pouca coisa. Estruturalmente, o filme se assemelha ao seu personagem principal: um pouco perdido, derivativo em excesso em alguns momentos, poético em outros, eventualmente surpreendente, mas sempre mantendo certo charme de patética decadência.
Dizer que Marat Descartes é um ótimo ator (aliás, como eu já disse neste texto) é chover no molhado, e aqui o papel parece ter sido feito sob medida para ele. A maior surpresa, porém, fica por conta do veterano cantor Jair Rodrigues vivendo convincentemente um velho palhaço cujo mote de vida é “Não tá fácil pra ninguém”.
Rewald afirma que Jair não foi sua primeira escolha para o papel, mas recebeu várias negativas de atores mais conhecidos (Tarcísio Meira, entre eles), por se tratar de um papel de alto risco. Outros talentos cotados que quase fecharam contrato foram Otávio Augusto e Marcos Caruso, que se encantaram pelo papel, mas incompatibilidades de agendas inviabilizaram a contratação. Com os prazos quase estourados, Rewald teve a ideia de chamar Jair Rodrigues, e tudo acabou dando certo, após algumas necessárias adaptações de roteiro para a entrada do cantor no filme.
O filme está programado para entrar em circuito comercial, pela Lume Filmes, ainda este ano.
Celso Sabadin viajou a Gramado a convite da organização do Festival.

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