23 de agosto de 2012

Festival de Gramado 2012


Festival de Gramado 2012
Gramado homenageia Juan José Campanella, o argentino que adoramos invejar.
C&N - Celso Sabadin
Até mais do que os filmes da noite, o grande destaque do quinto dia do Festival de Cinema de Gramado foi a homenagem prestada ao cineasta argentino Juan José Campanella. Diretor do aclamado O Filho da Noiva e do não tão aclamado Clube da Lua (mas que também é muito bom, ainda que subestimado), Campanella tem em casa o objeto do desejo que os cineastas brasileiros ainda perseguem: um Oscar de Filme Estrangeiro. A cobiçada estatueta foi mérito do ótimo O Segredo dos Seus Olhos.
Agora, um brilhante Kikito de Cristal, homenagem que o Festival de Gramado concede a diretores de cinema, fará companhia ao Oscar, na prateleira de Campanella. ”Esta é a primeira vez que eu ganho um prêmio pela minha obra, pela minha carreira, e não por um filme em específico – disse o argentino. Isso faz com que eu sinta esta premiação como algo mais particular, pois o prêmio de um filme é sempre mérito de toda uma equipe”.
Campanella diz que sempre que vem ao Brasil pensa em como é estranho e incômodo o desconhecimento que os brasileiros têm da Argentina e que os argentinos têm do Brasil. “Nas nossas escolas, deveriam ensinar Português, e não Francês, que não nos serve para nada, da mesma forma que nas escolas brasileiras deveriam ensinar Espanhol”, afirma. Ele diz que parte da culpa deste distanciamento cultural se deve a arcaicos sistemas de ensino “que preferem ensinar aos alunos muito mais sobre a Fenícia que sobre nossos vizinhos da América do Sul”.
E, como todo bom argentino, faz sua bem humorada provocação: “As relações entre Brasil e Argentina acabam ficando restritas somente a uma folclórica rivalidade futebolística... onde a gente ganha sempre...” . Por falar em futebol, no vídeo que foi exibido em homenagem ao cineasta, puderam ser vistas algumas cenas de Metegol, seu próximo longa. Trata-se de uma animação 3D onde pequenos jogadores de pebolim ganham vida e partem para uma grande aventura.
E uma dica final: quem é fã de Campanella pode garimpar nas locadoras o DVD de O Mesmo Amor, a Mesma Chuva, de 1997, pouco visto no Brasil, que é uma espécie de prequel de O Filho da Noiva.
Celso Sabadin viajou a Gramado a convite da organização do Festival.

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