21 de agosto de 2012

Festival de Gramado 2012


Festival de Gramado 2012
Comédia “Colegas” levanta o público.
C&N - Celso Sabadin
Finalmente a plateia de Gramado se levantou. Após as três primeiras noites de filmes que foram recebidos com aplausos apenas protocolares, a noite de anteontem (13/08) conheceu uma acolhida bem mais quente: a comédia “Colegas”, de Marcelo Galvão, caiu nas graças do público, que aplaudiu com entusiasmo e gritos de incentivo.
O filme fala de três amigos portadores da Síndrome de Down que, inspirados pelo filme “Thelma & Louise”, resolvem fugir da instituição onde vivem internados e partir para grandes aventuras a bordo de um reluzente Kharmann Ghia vermelho. Porém, sempre inspirados por grandes sucessos do cinema, os simpáticos amigos cometem assaltos à mão armada durante a fuga, e passam a ser perseguidos como criminosos.
A plateia curtiu, vibrou, torceu, riu muito e se identificou com “Colegas”. Particularmente, porém, o humor pouco refinado e a sua falta de sutileza tanto no roteiro como na direção não me agradam. O primeiro grande ponto negativo de “Colegas” fica por conta de uma das principais pragas do cinema brasileiro recente: a narração em off. Durante toda a ação, a voz de um narrador insiste em dizer aquilo que já estamos vendo e, pior, em “orientar” as sensações que “devemos” sentir nesta ou naquela cena. Muitas situações cômicas – que numa primeira leitura podem até funcionar – são repetidas à exaustão, conspirando contra sua própria eficiência. Exemplo: pode ser divertido o toque do celular do policial ser o som de um burro, mas é mesmo necessário repetir a piadas mais dez vezes durante o filme? Ou quando um personagem tem a ideia de transformar uma cortina de banheiro em véu para o vestido de casamento de sua noiva. Pode funcionar. Mas é necessário que a menina diga “Olha, um véu feito de cortina de banheiro!!” ? Tanta redundância passa a impressão que os realizadores do filme não confiavam na percepção da plateia. E a julgar pela recepção do público de ontem à noite, talvez eles estivessem totalmente corretos: o filme tem potencial para ser sucesso.
Detalhe: tudo bem que o diretor Marcelo Galvão seja um profissional mais ligado ao mundo da Publicidade. Absolutamente nada contra. Mas merchandising de bufê com direito a logomarca, site e telefone do patrocinador ficou um pouco demais.
Tematicamente, “Colegas” dialoga diretamente com o belgaHasta la Vista: Venha Como Você É”, também um road movie protagonizado por portadores de deficiências. Estilisticamente, porém, há um intransponível abismo de sensibilidade entre ambos.
Colegas” entra em circuito comercial no início de novembro.
Celso Sabadin viajou a Gramado a convite da organização do Festival.

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