“Conspiração Americana”
Uma excelente opção para quem quer bom
cinema.
C&N
Esta é uma daquelas
passagens da história dos Estados
Unidos que os norte-americanos adoram varrer para debaixo do tapete, mas
que
graças à ação persistente de cineastas iluminados - e engajados - como
Robert
Redford, acabam chegando ao circuito comercial de exibição. Obviamente
fadado a não ser um grande blockbuster, é uma excelente opção para
quem
quer bom cinema com uma perspectiva documental de fatos, ainda que um pouco
maniqueísta.
Ao
final da Guerra de Secessão
norte-americana, quando o Norte vitorioso se prepara para finalmente
abafar os últimos resquícios de resistência do Sul, acontece o
assassinato do presidente Abraham Lincoln, que pode retornar o país
ao
caos da guerra civil, ainda não completamente encerrada.
Pela ação da polícia, rapidamente são presos oito envolvidos no crime,
escapando exatamente John Wilkes
Booth
(Toby
Kebbell), o autor do disparo à queima roupa que matou o presidente no
Teatro Ford, em Washington, DC.
Booth eventualmente será encontrado e morto, numa fazenda da
Virgínia. E, dos oito envolvidos capturados e levados a julgamento,
sete
são homens e uma, mulher, Mary Surratt (Robin Wright) na realidade é
a
mãe de outro conspirador, John Surratt (Johnny Simmons), que consegue
escapar ao cerco.
Neste
ponto, coloca-se a questão: até
que
ponto as liberdades individuais se sobrepõem ao bem comum? Explica-se: na
opinião do Secretário de Estado da Guerra, Edwin Stanton (Kevin Kline, estupendo e
subaproveitado, como sempre), o importante é que os culpados sejam
capturados,
julgados e executados no menor espaço de tempo possível, de modo a
preservar-se
a frágil cadeia de comando estabelecida com a morte do presidente, frente à
nação.
Isto
porque, na realidade, Mary
Surratt em momento algum fez parte de qualquer conspiração que fosse
mas,
como seu filho havia escapado à lei, ela era o membro mais próximo da
família à
disposição. Somem-se a isso depoimentos perjurados, provas grosseiramente
falsificadas, e o instinto de proteção da mãe para com o filho, e o cenário
de
sua condenação está planificado.
E de nada
valem os
esforços do determinado advogado - e herói de guerra - Frederick Aiken
(James McAvoy, eficiente e empático) em sua defesa. Independente de
considerá-la inocente ou culpada, esforça-se para que ela tenha um
julgamento
justo, o que obviamente acaba não acontecendo (os réus, todos civis, são
julgados por uma junta militar, e não por seus pares, como manda a
Constituição).
Ironicamente,
apenas quatro dos conspiradores são condenados à forca, sendo Mary (a
única inocente entre todos), um deles. Mais ironicamente ainda, meses
depois,
seu filho é capturado, vai a julgamento (por um júri civil), e este júri não
consegue chegar a nenhum resultado, sendo o réu posto em
liberdade!
Um
detalhe curioso: o
advogado
de Mary Surratt, Frederick Aiken, após seu julgamento abandona
a
cátedra e, anos depois, se torna o primeiro editor do então recém-formado
jornal
Washington Post.
Direção segura e discreta de
Robert
Redford, para um excelente e uniforme elenco, num filme que ganharia com
um
pouco mais de agilidade narrativa, mas mesmo assim de resultado bastante
bom.
Não perca.
“Conspiração Americana” (“The Conspirator” - EUA - 2010 - 122’) Direção: Robert Redford Com: James McAvoy, Robin Wright, Kevin Kline, Evan Rachel Wood, Tom Wilkinson e Justin Long, entre outros.
“Conspiração Americana” (“The Conspirator” - EUA - 2010 - 122’) Direção: Robert Redford Com: James McAvoy, Robin Wright, Kevin Kline, Evan Rachel Wood, Tom Wilkinson e Justin Long, entre outros.
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