27 de abril de 2012

“Conspiração Americana”


Conspiração Americana

Uma excelente opção para quem quer bom cinema.
C&N
Esta é uma daquelas passagens da história dos Estados Unidos que os norte-americanos adoram varrer para debaixo do tapete, mas que graças à ação persistente de cineastas iluminados - e engajados - como Robert Redford, acabam chegando ao circuito comercial de exibição. Obviamente fadado a não ser um grande blockbuster, é uma excelente opção para quem quer bom cinema com uma perspectiva documental de fatos, ainda que um pouco maniqueísta.
Ao final da Guerra de Secessão norte-americana, quando o Norte vitorioso se prepara para finalmente abafar os últimos resquícios de resistência do Sul, acontece o assassinato do presidente Abraham Lincoln, que pode retornar o país ao caos da guerra civil, ainda não completamente encerrada.
Pela ação da polícia, rapidamente são presos oito envolvidos no crime, escapando exatamente John Wilkes Booth (Toby Kebbell), o autor do disparo à queima roupa que matou o presidente no Teatro Ford, em Washington, DC. Booth eventualmente será encontrado e morto, numa fazenda da Virgínia. E, dos oito envolvidos capturados e levados a julgamento, sete são homens e uma, mulher, Mary Surratt (Robin Wright) na realidade é a mãe de outro conspirador, John Surratt (Johnny Simmons), que consegue escapar ao cerco.
Neste ponto, coloca-se a questão: até que ponto as liberdades individuais se sobrepõem ao bem comum? Explica-se: na opinião do Secretário de Estado da Guerra, Edwin Stanton (Kevin Kline, estupendo e subaproveitado, como sempre), o importante é que os culpados sejam capturados, julgados e executados no menor espaço de tempo possível, de modo a preservar-se a frágil cadeia de comando estabelecida com a morte do presidente, frente à nação.
Isto porque, na realidade, Mary Surratt em momento algum fez parte de qualquer conspiração que fosse mas, como seu filho havia escapado à lei, ela era o membro mais próximo da família à disposição. Somem-se a isso depoimentos perjurados, provas grosseiramente falsificadas, e o instinto de proteção da mãe para com o filho, e o cenário de sua condenação está planificado.
E de nada valem os esforços do determinado advogado - e herói de guerra - Frederick Aiken (James McAvoy, eficiente e empático) em sua defesa. Independente de considerá-la inocente ou culpada, esforça-se para que ela tenha um julgamento justo, o que obviamente acaba não acontecendo (os réus, todos civis, são julgados por uma junta militar, e não por seus pares, como manda a Constituição).
Ironicamente, apenas quatro dos conspiradores são condenados à forca, sendo Mary (a única inocente entre todos), um deles. Mais ironicamente ainda, meses depois, seu filho é capturado, vai a julgamento (por um júri civil), e este júri não consegue chegar a nenhum resultado, sendo o réu posto em liberdade!
Um detalhe curioso: o advogado de Mary Surratt, Frederick Aiken, após seu julgamento abandona a cátedra e, anos depois, se torna o primeiro editor do então recém-formado jornal Washington Post.
Direção segura e discreta de Robert Redford, para um excelente e uniforme elenco, num filme que ganharia com um pouco mais de agilidade narrativa, mas mesmo assim de resultado bastante bom. Não perca.
Conspiração Americana” (“The Conspirator - EUA - 2010 - 122’) Direção: Robert Redford Com: James McAvoy, Robin Wright, Kevin Kline, Evan Rachel Wood, Tom Wilkinson e Justin Long, entre outros.
Distribuição: Imagem Filmes

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