17 de abril de 2012

“Showtune: A Memoir by Jerry Herman”



“Showtune: A Memoir by Jerry Herman”
Este livro é realmente sobre o meu romance com as canções da Broadway.’ - Jerry Herman
C&N

Criador de três dos musicais de mais longa duração na história da Broadway, Jerry Herman é uma instituição teatral. Sua ascensão do anonimato como um jovem em Jersey City para se tornar um dos mais bem sucedidos compositores-letristas de todos os tempos é bem narrado em “Showtune: A Memoir by Jerry Herman (Fine Books, 1996, 227 págs) com suas próprias palavras - e colaboração de Marilyn Stasio.
Quando Herman tinha 17 anos, sua mãe planejou, de uma maneira bem íidische-mame, um encontro com o lendário compositor deGuys and Dolls”, Frank Loesser, que era irmão de um amigo de um amigo de um amigo de seu cabeleireiro. Em vez dos acordados 10 minutos, Loesser passou uma tarde inteira com o jovem Herman, encorajando-o a tentar a composição: É uma vida dura, mas eu vejo talento aqui’, disse ele.
A primeira criação de Jerry Herman foi um show de cabaré no centro da cidade de Nova York, que logo teve uma multidão de pessoas sofisticadas vestindo smokings e visons, fazendo filas do lado de fora (confundindo-os com clientes do restaurante ao lado, ele educadamente pediu-lhes para se moverem). De lá ele foi contratado para trabalhar no musical que se tornariaMilk and Honey” (1961, sobre a independência do Estado de Israel), o que lhe valeu uma indicação ao Tony ao lado de Noel Coward e Richard Rodgers. Sucessos comoHello, Dolly!” (“Alô, Dolly”, 1964), “Mame (1966), “Mack & Mabel (na verdade foi um fracasso mas se tornou cult, 1974) e “La Cage aux Folles (“A Gaiola das Loucas”, 1983) viriam a seguir (assista aqui a homenagem que Herman recebeu em 2010 no prestigioso Kennedy Center Honors - parte 1 e parte 2).
As memórias de Herman vão além da criação de seus hits lendários, e incluem encontros por trás das coxias até então não revelados com luminares como Angela Lansbury, Carol Channing, Barbra Streisand, Ethel Merman, Judy Garland, e o notoriamente volátil produtor da Broadway David Merrick, cujo escritório era, de cima a baixo, de um vermelho brilhante intimidante, combinando com seu temperamento colérico. O conhecimento teatral de Herman e seu modo de ver por trás dos bastidores, sem dúvida, fascinarão os fãs de musicais por exemplo, Judy Garland era a candidata principal para substituir Angela Lansbury emMame”, mas foi vetada por causa de sua insegurança decorrente de problemas de alcoolismo e drogas. Algumas revelações são menos efervescentes, e quando declara que Carol Channing é sua melhor amiga, ou que Annie (Ann Miller) tinha espírito esportivo e se tornaram muito amigos, elas passam de ‘uau!’ para ‘ué?’, fazendo com que as fofocas não impressionem tanto. Mas o livro traz informações sobre a técnica musical que os alunos de teatro acharão interessantes. (assista aqui um tributo a Jerry Herman)
Jerry Herman, que se autodenomina ‘Mr. Show Business’, também fala de seus fracassos profissionais e suas decepções. Ele relata a perda de seu amante para a Aids, e fala de seu próprio status de portador de HIV (desde 1985), disputas de plágio, brigas com produtores da Broadway, mas sempre num tom coloquial, alegre e otimista. O livro tem este clima de se estar conversando com um amigo, enquanto se toma um cafezinho, após um bom jantar. E por isso não se aprofunda muito, e a gente fica sem conhecer Jerry Herman o ‘homem privado’.  Ou seja, o livro é uma delícia, mas um pouco doce, quase enjoativo. Mas se não for Jerry Herman, quem poderá dizer definitivamente em sua autobiografia: ‘I Am What I Am’ (Eu sou o que sou!) e pronto? (assista aqui Herman recebendo o Prêmio Tony por conjunto da obra).
Recriando maravilhosamente a idade de ouro do musical da Broadway, o livro de memórias de Jerry Herman não deixa de ser revelador e. ao mesmo tempo franco e edificante, animado e divertido, características de suas canções, bem como qualidades pessoais, que o tem sustentado através de uma longa carreira, marcada por sua quota de tragédia, bem como de triunfo.
Cláudio Erlichman é publicitário e produtor cultural.

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