‘Sabia que existe em Blu-ray?’
Woody Allen está na crista da onda.
C&N
De alguns anos para
cá, seus filmes voltaram a cair no
gosto
do grande público, consolidando a excelente fase atual que sua carreira
atravessa, não apenas em termos artísticos, mas comerciais - o que é digno
de
nota, visto que muitos de seus trabalhos deram prejuízo aos estúdios que os
lançaram.
Entretanto, se
o
cineasta vem conquistando a adoração de um novo público, isso não se reflete
no
mercado de vídeo no que diz respeito à alta definição. Apesar dos seus dois
grandes sucessos recentes (os ótimos “Vicky Cristina
Barcelona” e
“Meia-Noite em Paris”) estarem disponíveis no formato, a
filmografia de Allen em Blu-ray ainda é
desprezível
em termos de volume, com pouquíssimos títulos lançados.
Somente isso já
justificaria um enorme barulho ao redor do lançamento de “Manhattan” e “Noivo Neurótico, Noiva
Nervosa” em alta definição no país.
Isso,
claro, sem falar no fato de que se tratam, talvez, dos dois filmes mais
importantes de sua carreira – e, consequentemente, de todo o (excelente)
cinema
norte-americano dos anos 1970.
Para dimensionar melhor a importância dos títulos: “Noivo Neurótico,
Noiva
Nervosa” foi premiado com quatro estatuetas (incluindo
Melhor
Filme e Melhor Diretor) da Academia, que costuma
não
ser muito simpática com comédias; já Manhattan foi indicado
somente a Melhor Roteiro e Melhor Atriz
Coadjuvante (para Mariel Hemingway), sem levar
prêmios.
Entretanto, o
que
se viu foi justamente o contrário: a Fox, distribuidora dos
títulos no Brasil, simplesmente lançou os filmes sem fazer grandes
alardes – ou, melhor dizendo, sem praticamente nenhuma divulgação.
Resultado: do
dia para a noite, consumidores casuais e colecionadores – incluindo o autor
deste texto - praticamente tropeçaram nos discos nas lojas, surpreendendo-se
com
seu lançamento.
Uma surpresa agradável, sem dúvida alguma, mas que deixa claro que ainda é
preciso trabalhar de forma muito melhor o lançamento de grandes clássicos do
cinema em BD. No caso destes dois produtos, isso é agravado
pela
ausência de extras (cada título traz somente o trailer).
Entretanto,
merecem
lugar de destaque em qualquer prateleira, também por serem pedras
fundamentais
na formação da persona que Allen criou para si mesmo, ao longo
de
décadas. Todos os traços de sua personalidade que seriam vistos nos seus
filmes
posteriores – inseguro, atrapalhado, neurótico – estão ali, ganhando forma,
em
diálogos inteligentes e afiados.
E,
além disso, poder assistir em alta
definição ao antológico início de “Manhattan” (numa cena que
traz
uma belíssima Nova York em preto e branco ao som de ‘Rhapsody in
Blue’, de Gershwin) é algo a que merece ser feito de joelhos
pelos admiradores do cinema. Resta saber se a distribuidora irá lançar
outros
clássicos do diretor, a exemplo do que já foi feito na época dos
DVDs.
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