25 de abril de 2012

“Sete Dias com Marilyn”

Sete Dias com Marilyn
Elenco coeso em um delicado filme.
C&N
Muito se falou sobre a performance de Michelle Williams como Marilyn Monroe, em “Sete Dias com Marilyn” (My Week With Marilyn, 2011) - que inclusive lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2012 de Melhor Atriz -, sob direção de Simon Curtis. Porém, o que parece ter passado despercebido na maioria dos comentários, é a qualidade do elenco como um todo.
Não que Williams não esteja perfeita como Marilyn; ela personifica à perfeição a lenda, em seus momentos públicos e no que se imagina tenham sido seus momentos privados - repare na cena da visita de Marilyn ao castelo de Windsor, quando os criados a cercam de atenções e ela, divertida, pergunta: ‘Devo ser ela agora?’, e Norma Jean automaticamente ‘liga’ a persona Monroe, para deslumbre de todos à sua volta. Simplesmente impecável.
Mas o que faltou ser comentado é a qualidade do elenco como um todo. É meio chover no molhado falar de Kenneth Branagh ou Judi Dench, mas todos, sem exceção, parecem perfeitos em suas partes. Julia Ormond, por exemplo, apesar da falta de semelhança física com Vivien Leigh, transmite de forma notável a insegurança da atriz que, já passada da idade, perde o papel que desempenhara nos palcos para a jovem (e bela) Marilyn, ficando bastante insegura com relação ao marido, Laurence Olivier (Kenneth Branagh, também merecidamente indicado ao Oscar em 2012, como Ator Coadjuvante), e suas tentativas de flerte com a bombshell norte-americana. O que ela não percebe é que a relação, num perfeito exemplo de quid pro quo, era bastante proveitosa para ambos: ele, uma lenda dos palcos britânicos, tenta se tornar popular nas telas, e ela, produto do cinema, tenta ser respeitada como uma verdadeira atriz.
Destaque também para pequenas participações que valorizam o resultado final como, por exemplo, Judi Dench como Dame Sybil Thorndike, a famosa atriz do teatro britânico; Zoë Wanamaker como Paula Strasberg, confidente e ensaiadora de Marilyn pelo método desenvolvido por seu marido, o ator Lee Strasberg no Actors Studio, em Nova York; e Emma Watson (longe da Hermione de Harry Potter) como Lucy, o interesse romântico de Colin Clark, vivido por Eddie Redmayne.
A respeito de Colin Clark vale destacar que o filme é baseado em seu livro, a respeito deste período específico de sua vida, quando teve uma relação tão próxima de Marilyn Monroe. Clark, filho paternalizado de nobre família britânica, em sua paixão pelo cinema e tentando ter um trabalho que fosse respeitado pelos seus, acaba conseguindo se envolver na produção de “O Príncipe Encantado” (The Prince and The Showgirl, 1957), como terceiro diretor assistente - traduzindo, o faz-tudo do set de filmagens -, vindo a se tornar figura fundamental no cronograma do filme, na medida em que se encarrega de que Marilyn não chegue mais do que duas horas atrasada para as cenas do dia.
Deste relacionamento nasce uma visão interna do fenômeno Marilyn Monroe, seu processo, fraquezas e inseguranças. E, principalmente, o ser humano frágil e delicado que na realidade ela era. Com muita delicadeza, o diretor Simon Curtis, de vasta experiência na televisão britânica, consegue trazer à cena um belo retrato desta figura tão icônica da história do cinema.
Sete Dias com Marilyn (“My Week With Marilyn” - Reino Unido / EUA - 2011 - 99’) Direção: Simon Curtis Com: Michelle Williams, Eddie Redmayne, Kenneth Branagh, Julia Ormond, Judi Dench, Dougray Scott, Dominic Cooper, Zoë Wanamaker e Emma Watson, entre outros.
Distribuição: Imagem Filmes

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