18 de abril de 2012

“Cleópatra” - In Memoriam: Elizabeth Taylor



“Cleópatra” - In Memoriam: Elizabeth Taylor
 Isto é Fox
  C&N
No final da década de 1950, os estúdios lutavam para trazer o público de volta às salas de cinema.
Em 1959, a Metro Goldwyn Mayer lançou um dos maiores épicos, “Ben-Hur”, com Charlton Heston, que estourou nas bilheterias, sendo vencedor de 11 Oscars, além de ter recuperado a vida financeira do estúdio. A 20th Century-Fox não quis ficar atrás deste sucesso espetacular, e revirou seus arquivos em busca de um bom roteiro para uma superprodução épica. Com uma queda de 40% na frequência do público nas salas de cinema, e com os excessivos fracassos de bilheteria, a Fox encontrou em seus arquivos um antigo sucesso, “Cleópatra”, de 1917, com Theda Bara, atriz do cinema mudo.
Para completar, Darryl Zanuck, executivo responsável pelo sucesso do estúdio, saiu e foi produzir filmes independentes na Europa. Em seu lugar ficou Spyro Skouras, como novo presidente da Fox, que rapidamente contratou Walter Wanger para produzir um novo roteiro sobre a Rainha do Egito. Wanger recebeu US$ 2 milhões, e o terreno de fundo do estúdio, para rodar o filme em 64 dias! E transformá-lo num sucessoseguro’.
A princípio, Wanger deu prioridade às atrizes contratadas da Fox para interpretarem Cleópatra, entre elas Joanne Woodward e a belíssima inglesa Joan Collins. Mas, como o orçamento aumentou para US$ 5 milhões, Wanger poderia ter a alternativa de escolher outras atrizes, entre elas Audrey Hepburn, Susan Hayward e Sophia Loren.
Mas a Cleópatra dos sonhos era Elizabeth Taylor, então com contrato finalizado na Metro. Liz Taylor já era famosa por estar sempre envolvida em escândalos, e devido a seus problemas crônicos de saúde.
Nesta época, ela estava filmando “De Repente, no Último Verão” (“Suddenly Last Summer”, 1959) na Columbia Pictures, dirigida por Joseph L. Mankiewicz. Wanger telefonou para ela, fazendo o convite para estrelar seu épico milionário, e a resposta, embora em tom irônico, se tornou realidade: ‘Diga-lhe que aceitarei por US$ 1 milhão’.
Sua proposta foi aceita, Liz foi contratada por esta soma milionária, que chegou, a princípio, a abalar os próprios executivos da Fox - inclusive Slouras, que começou uma pesquisa junto aos exibidores para saber se valeria à pena investir nela!
Elizabeth Taylor assinou o contrato milionário com a Fox, e o filme começou a ser produzido na Inglaterra, nos Estúdios Pinewood, sendo rodado em Todd-AO 70 mm, processo de filmagem criado por Mike Todd em 1956, de quem Liz era viúva.
Para dirigirCleópatra” contrataram Rouben Mamoulian, que nunca dirigira um filme épico antes. Mamoulian era contra as filmagens na Inglaterra, mas mesmo assim foram contratados (por exigência de Liz Taylor) atores ingleses: Peter Finch como Cesar, e Stephen Boyd (o Messala de “Ben-Hur”) como Marco Antônio.
Gastaram fortunas com o figurino, e mais US$ 600,000 com os cenários gigantescos. Mas ai os problemas começaram a surgir: o clima chuvoso deteriorava os cenários, feitos com papel machê, e a saúde de Liz piorava, chegando ao ponto de ser carregada entre uma tomada de cena e outra.
Assim, resolveram rodar as cenas com figurantes e aquelas quais onde ela não aparecia, enquanto aguardavam a sua recuperação. O orçamento foi aumentando a cada dia, e ela não se recuperava; dai resolveram fazer alterações no roteiro, gerando stress no elenco, principalmente em Peter Finch que começou a se alcoolizar, e a causar problemas.
Mamoulian foi demitido como diretor e, por influência de Liz Taylor (protegida por seu contrato), chamaram Joseph L. Mankiewicz, famoso pelo sucesso de “A Malvada” (“All About Eve”, 1951), com Bette Davis e Anne Baxter. Ele reescreveu o roteiro e assumiu a direção do filme.
Com novo diretor, e o mesmo produtor - Walter Wanger -, “Cleópatra”, considerado o filme mais caro da história do cinema, tomou novos rumos.
Elizabeth Taylor continuava internada em Londres, agora com uma forte pneumonia que quase a levou à morte. Sua luta foi grande e, com a ajuda de especialistas, recuperou-se e voltou para os EUA, onde foi premiada com Oscar de Melhor Atriz por sua atuação no drama “Disque Butterfiled 8” (“Butterfield 8”, 1960), que filmara na Metro.
Enquanto isto, Mankiewicz reescrevia o roteiro e, numa decisão unânime, os cenários construídos na Inglaterra foram desmontados, transferidos e reconstruídos em Roma, nos Estúdios Cineccitá. Lá o clima era mais favorável e não prejudicaria também o estado de saúde de Liz Taylor.
Agora os sets ficaram mais gigantescos - e também mais caros -, ou seja, o custo da produção aumentou para US$ 12 milhões! Vejam a espetacular cena da chegada de Cleópatra a Roma: http://www.youtube.com/watch?v=4-dspv6LJHM&feature=related.
Mudanças no elenco de “Cleópatra” também foram feitas, agora que o filme tinha um novo diretor, visto que os atores estavam há mais de um ano no prejuízo, sem quase trabalhar, e tinham outros compromissos contratuais assumidos anteriormente.
Sendo assim, Rex Harrison interpretou Cesar, Richard Burton fez Marco Antônio, e foram incluídos Roddy McDowall, Martin Landau e Hume Cronyn no novo cast,entre outros.
A história da rainha do Nilo, Cleópatra (Elizabeth Taylor) última da dinastia de Ptolomeu, seu amor por Cesar (Rex Harrison), a paixão impossível por Marco Antônio (Richard Burton), e a decadência do Egito - então transformado em província romana -, jamais será contada em riqueza de detalhes como o foi nesta superprodução da 20th Century-Fox. Só para se ter uma ideia, para as gigantescas cenas de batalhas, e a espetacular entrada de Cleópatra em Roma, foram gastos muitos milhões de dólares a mais, sem contar os 20.000 trajes confeccionados para os figurantes.
Mas um novo problema surgiria no meio deste caos de desperdício, para a produção de um épico: o roteiro, que Mankiewicz reescrevia de forma interminável e muito lenta, e que o elenco ‘envelhecia’ à sua espera, recebendo mesmo assim os seus salários, sem contar com os prejuízos causados pelo consumo de água, alimentação, etc.. Uma verdadeira catástrofe para a 20th Century-Fox, e que quase matou Mankiewicz de tanto stress.
Na realidade,Cleópatra” é um filme composto de dois enredos: “Cesar e Cleópatra” e “Antônio e Cleópatra”. Seria dividido em dois filmes, por vontade de Mankiewicz,e, juntando-se tudo, daria um filme com 6 horas de duração que, ao ser exibido, teria somente um intervalo, dividindo as duas partes. Mas, depois de muita discussão, foi transformado e reduzido para um longa de 4 horas e 3 minutos (na atual versão disponível em DVD). A cena espetacular da entrada de Cleópatra em Roma demorou 6 meses para ser filmada, mas é um dos maiores momentos da história do cinema.
Para compor a trilha sonora chamaram Alex North, que deu o devido tom dramático shakespeariano à narrativa deste épico colossal.
Liz Taylor e Richard Burton fizeram sua primeira cena juntos no inicio de 1962, e se apaixonaram loucamente. Burton era casado na época, assim como Liz era casada também, com Eddie Fisher, ex-marido de Debbie Reynolds. No início, o romance era secreto mas, aos poucos, se transformou num escândalo na imprensa mundial, causando muitos ataques de Elizabeth Taylor.
Liz está esbanjando beleza neste filme e, segundo opinião de muitos, mais bela do que a verdadeira Cleópatra. Ela muda de figurino a cada cena, num verdadeiro festival de luxo e riqueza.
Cleópatra” estreou nos cinemas dos EUA em 12 de junho de 1963, seguido de forte campanha publicitária, com seu longuíssimo tempo de projeção, 4 horas e 3 minutos. Depois, foi reeditado e reduzido para 3 horas e 15 minutos, assim poderia ter mais exibições diárias nas salas de cinema.
O filme foi premiado com quatro Oscars: Direção de Arte, Fotografia, Figurinos e Efeitos Visuais. Vejam a sequência final: http://www.youtube.com/watch?v=iUEWJUGZLzw&feature=player_embedded.
Cleópatra” está disponível em DVD e Blu-ray pela Fox Home Entertainment.
"Cleópatra" (EUA / Grã-Bretanha / Suíça - 1963 - 252’) Direção: Joseph L. Mankiewicz (1909/1993) Produção: Walter Wanger (1894/1968) Com: Elizabeth Taylor (1932/2011), Richard Burton (1925/1984), Rex Harrison (1908/1990), Pamela Brown (1917/1975), Hume Cronyn (1911/2003), Cesare Danova (1926/1992), Martin Landau (1928) e Roddy McDowall (1928/1998), entre outros.
Blu-ray Idioma: português, inglês e espanhol Legendas: português, inglês e espanhol Áudio: Dolby Digital (5.1) Tela: Widescreen Extras Disco 1: Cleópatra através do tempo: Uma história cultural / Filmagem desaparecida de Cleópatra / Fox Movie Channel apresenta Legado Fox com Tom Rothman / Comentário em áudio / Cleópatra no papel: Correspondência privada Extras Disco 2: Cleópatra: O filme que mudou Hollywood / A quarta estrela de Cleópatra / Fox Movietone News: Cenas de arquivo da pré-estreia em Nova York e em Hollywood / Comentário em áudio / Trailers
Distribuição: 20th Century Fox Home Entertainment
A trilha sonora composta por Alex North (1910/1991): Overture’/ ‘Main Title’/ ‘Pharsalia’/ ‘Caesar to Egypt’/ ‘King Ptolemy’/ ‘Pompey's Ring’/ ‘A Gift for Caesar’/ ‘Only Yesterday’/ ‘Epilepsy’/ ‘Great Library’/ ‘Moon Gate’/ ‘Taste of Death’/ ‘Sympathy’/ ‘Coronation’/ ‘Fertility’/ ‘Alexander's Tom’/ ‘Calpurnia’/ ‘The Fire Burns’/ ‘Son of Caesar’/ ‘Caesar's Departure’/ ‘Cleopatra enters Rome’/ ‘By Divine Right’/ ‘Death in the Garden’/ ‘Caesar's Assassination’/ ‘Requiem’/ ‘Farewell’/ ‘Entr'acte’/ ‘Hail Antony’/ ‘Isis’/ ‘Cleopatra's Barge’/ ‘Most Becoming’/ ‘Food’/ ‘Antony and Cleopatra in Tarses’/ ‘Bacchus’/ ‘Antony and Cleopatra's Love’/ ‘One Breath Closer’/ ‘Love and Hate’/ ‘Athens’/ ‘Cleopatra's Ambition’/ ‘War’/ ‘Interlude’/ ‘Sea Battle’/ ‘My Love is My Master’/ ‘Two Heads’/ ‘Better Late Than Never’/ ‘Cleopatra's Son’/ ‘Antony's Camp’/ ‘Never Fear’/ ‘Grant Me an Honorable Way to Die’/ ‘Antony's Retreat’/ ‘Transitions’/ ‘Dying is Less than Love’/ ‘Octavian the Victor’/ ‘Antony ...Wait’/ ‘Epilogue’/ ‘Exit Music’.
Na próxima semana, ‘Isto é Fox’ traz uma comédia memorável: “Esses Homens Maravilhosos e Suas Máquinas Voadoras", com Stuart Whitman, Sarah Miles e James Fox. Não percam!

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