18 de julho de 2012

“The Baker’s Wife”


The Baker’s Wife
The Baker’s Wife é um dos maiores fracassos e uma das melhores gravações dos anos 1970!’’.
C&N
A maravilhosa gravação do musical The Baker’s Wife - Original Cast, 1976 (Take Home Tunes) continua a mistificar os ouvintes a respeito de porquê este show foi um dos maiores fracassos da Broadway. Baseado na peça, e no subsequente filme Frances La Femme Du Boulanger (A Mulher do Padeiro, 1938), de Marcel Pagnol e Jean Giono, teve libreto de Joseph Stein, com música e letras de Stephen Schwartz. A fábula toma lugar na França provinciana de muito tempo atrás, quando a jovem esposa de um padeiro de meia-idade o deixa, para ter um tórrido affair com um belo e jovem aldeão. O show fechou antes mesmo de chegar à Broadway, tendo a maioria do elenco, e da equipe criativa, substituído durante seus prolongados tryouts.
Era para ter no elenco o famoso ator israelense Topol, de Um Violinista no Telhado, naquela que seria sua estreia nos palcos americanos. Quando finalmente estreou em Washington, os protagonistas eram Paul Sorvino, cuja voz semioperística soa ótima nas canções de Aimable, o padeiro; Patti LuPone, como sua esposa Genevieve, beltando aos céus quando precisa, mas também maravilhosamente calorosa nas passagens mais líricas do score; Kurt Peterson apropriadamente sexy como seu jovem amante Dominique; e Teri Ralston como Denise, uma mulher do vilarejo que canta a bela “Chanson” com sua voz de soprano clara e suave.
Todas as músicas cantadas pelos protagonistas são ótimas, desde os números que estabelecem o personagem como “Merci, Madame”, às baladas arrebatadoras como “Endless Delights”. Outros pontos altos incluem “Gifts of Love”, uma peça linda e comovente onde Genevieve se resigna a um casamento que é baseado em companheirismo em vez de paixão, e “Proud Lady” cantada pelo empertigado e empavonado Dominique.
Porém, a canção que tornou The Baker’s Wife famoso foi “Meadowlark”. Aqui a gente vê que LuPonne não consegue errar em nada que faz. Nesta canção-história magnífica, ela canta com todo o belt que tem direito seu dilema, de abandonar o marido velho por um rapaz mais novo e bonito, em forma de alegoria. Stephen Schwartz compôs uma daquelas músicas da Broadway que muito poucas podem cantar, porque ela fica situada acima do alcance vocal da maioria das mulheres. Ouça Patti beltando num mi agudíssimo na palavra “pa-a-a-a-ast” da música. O lado bizarro é que o produtor David Merrick odiava esta canção! Na realidade, ele queria cortá-la do show, de forma que chegou a roubar as partituras do fosso da orquestra e, em uma apresentação Meadowlark”, não foi executada. Felizmente a canção permaneceu, e foi gravada por Sarah Brightman, Betty Buckley, Susan Egan, Liz Callaway, Sandy Campbell, Dianne Pilkington, Rosalind Kind e Susannah Mars dentre outras. O score de Schwartz difere impressionantemente do estilo de seus supersucessos Godspell e Pippin, e este CD ostenta orquestrações fascinantes.
The Baker’s Wife confirma a tese que se para o sucesso não há fórmula... Para o fracasso sempre surge um monte de explicações. Desta forma, para quem se pergunta como um musical com ótimos atores e grandes canções pode ter sido um grande fiasco, a crítica da época respondeu dizendo que todas as cenas e músicas envolvendo o coro pitoresco pareciam encheção de linguiça, e o belo score, em última análise, acabava desapontando por causa da tenuidade do conjunto. Existiam outros problemas: a história previsível, com poucas dúvidas de que a esposa iria voltar para o padeiro, e o jovem amante era um personagem frio, insensível e sem compaixão.
Quando as pessoas ouvem o CD de The Baker’s Wife logo têm vontade de produzir o show, mas este insucesso, em particular, nunca é suscetível de funcionar completamente, e pode ser este o motivo pelo qual nunca foi tentado de novo na Broadway.
Cláudio Erlichman é publicitário e produtor cultural.

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