2 de julho de 2012

“O Jovem Frankenstein”


Sabia que existe em Blu-ray?
O Jovem Frankenstein”.
C&N

É fato conhecido que, durante os anos 1970, o cinema norte-americano viveu uma pequena “época de ouro”, com produções irretocáveis, que não apenas encantam o público, como influenciam realizadores até hoje. Curiosamente, foi justamente nesta época, repleta de dramas e policiais (com roteiros que esbanjavam críticas sociais) que Hollywood viu o auge de um de seus maiores comediantes: Mel Brooks.
Trabalhando na televisão desde os anos 1950 – poucos se lembram, mas Brooks foi um dos responsáveis pela criação do seriado “O Agente 86” – o comediante começou a investir no cinema em 1968, com “Primavera para Hitler” (que, anos atrás, se tornou um musical de sucesso na Broadway, “The Producers”).
Mas foi durante a década de 70 que sua carreira chegou ao ápice, com comédias geniais como Alta Ansiedade, Banzé no Oeste e, claro, sua obra-prima: “O Jovem Frankenstein” (que também se tornou um musical da Broadway) que está disponível em BD pela Fox.
Lançado em 1977, o longa, ao contrário do que muitos imaginam, não foi ideia de Mel Brooks, e sim de um de seus habituais colaboradores, o ator Gene Wilder. Reza a lenda que foi durante as filmagens de “Banzé no Oeste” (segunda parceria da dupla) que o ator teria apresentado ao cineasta a ideia de filmar as desventuras do neto do lendário Barão Frankenstein que, após herdar o castelo do avô, recria todos os experimentos narrados no famoso livro de Mary Shelley.
A trama se encaixava perfeitamente ao estilo de Brooks, famoso por parodiar histórias clássicas em diversos longas. Assim, Brooks reuniu sua trupe costumeira (entre eles, os atores Cloris Leachman e Marty Feldman) e deu início à produção do filme que, por bem ou por mal, ainda é um dos melhores trabalhos inspirados na obra original.
Talvez a qualidade de “O Jovem Frankenstein” seja decorrente do clima das filmagens. Dizem que Brooks e Wilder se divertiram tanto que, quando todas as cenas do roteiro haviam sido realizadas (sendo que muitas delas eram improvisadas), começaram a inventar cenas novas somente para continuar indo aos sets – algo parecido ocorreria anos depois, entre Brooks e Leslie Nielsen, na sua (muito inferior) sátira ao outro grande clássico do cinema de horror, Drácula.
Contudo, isso rendeu horas e horas de filmagens que acabaram no chão da sala de montagem – dizem que, do copião original, para cada piada que funcionava três outras eram péssimas. Mas, a despeito de diversos momentos antológicos (além de ‘Puttin’ on the Ritz’, há a famosa cena do homem cego que derruba sopa quente no colo da criatura, numa participação inusitada e inesquecível de um Gene Hackman, quase irreconhecível), o grande trunfo do longa reside em dois fatores básicos.
O primeiro é a direção de arte, que usa diversos objetos vistos originalmente no filme estrelado por Boris Karloff. Durante a pré-produção, Brooks encontrou Ken Strickfaden, engenheiro que havia criado toda a aparelhagem eletrônica usada no longa estrelado por Boris Karloff, em 1931. Para sua sorte, o sujeito ainda tinha todas as peças guardadas na garagem de sua casa, e ficou satisfeito em alugar tudo para Brooks – que, além de pagar pelo material, ainda o creditou, coisa que não aconteceu no filme da Universal.
Já o segundo trunfo do filme é a presença de Marty Feldman, como o amalucado Igor (‘pronuncia-se Áigor’, como ele mesmo faz questão de lembrar). Com seus olhos vesgos e esbugalhados, o ator tem as melhores tiradas do roteiro que, com seu tom anárquico, contrastam perfeitamente com os cenários soturnos, filmados num belíssimo preto e branco.
Para se ter uma ideia, é dele a ideia de fazer sua corcunda mudar de lado a cada cena. Feldman resolveu fazer isso por conta própria, durante as filmagens, sem contar para ninguém. Quando os outros atores perceberam isso, dias depois, Brooks resolveu colocar a piada no roteiro. E é inegável que o ator rouba todas as cenas em que aparece, o que faz com o que filme se torne ainda melhor.
Afinal, enquanto o espectador passeia pelo lendário castelo de Frankenstein, tudo parece sério e assustador demais – como deveria ser, na verdade – até que Feldman surge em cena, lembrando a todos que podem relaxar, pois se trata ‘apenas’ de um filme de Mel Brooks. Aliás, do melhor filme da carreira de Mel Brooks. O que não é pouca coisa.
O Jovem Frankenstein (“Young Frankenstein” - EUA - 1974 - 106’- Preto e branco) Direção: Mel Brooks Com: Gene Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman, Cloris Leachman, Teri Garr, Kenneth Mars, Richard Haydn, Liam Dunn, Danny Goldmane e Oscar Beregi Jr., entre outros.
Blu-ray: Menu interativo - Seleção de cenas Tela: Widescreen (2.35:1) Áudio: DTS (5.1) Idioma: português, espanhol e inglês Legendas: português, espanhol e inglês Extras: Comentários de Mel Brooks / Arrumando algum Franksenso em O Jovem Frankstein / Tomadas excluídas / Cenas excluídas / Entrevistas mexicanas / Spots e TV / Trailers / Fotos da produção / No laboratório: as fórmulas secretas do making of / O botão Blucher / Está vivo! A criação de um monstro clássico / Cantiga de ninar da Transilvânia: a música de John Morris
Distribuição: 20th Century Fox Home Entertainment

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