‘‘O Último Dançarino
de
Mao”
História verídica que tem
balé
e repressão oficial
rende emocionante filme de Bruce Beresford.
C&N
Seja
para o
simples apreciador ou para quem está, profissionalmente, envolvido com o
balé,
ele sempre transmite uma poderosa sensação de liberdade. Os movimentos
corporais
concebidos e executados em função de determinadas músicas, geralmente
permitem
momentos de êxtase, de fluídos libertários. Daí ser, à primeira vista,
inconcebível que um elemento dedicado a essa arte, onde se equilibram
energia
física e alma sensível, tenha que enfrentar condutas repressivas. Mas essa
luta
existe. E a História já mostrou alguns exemplos de dissidência nessa área.
Caso
dos russos Nureyev e Baryshnikov, quando eram tutelados pelo
regime da antiga União Soviética.
“O Último Dançarino de Mao”
(“Mao’s Last Dancer”) nos conta uma saga similar e verídica: a de
Li Cuxin. O filme começa nos anos 1980, com sua chegada
a
Houston, nos Estados Unidos. Ele foi convidado para
atuar
com o famoso balé daquela cidade do Texas. Não demora para surgir um
flashback que o mostra menino, em 1972, na província de
Chandong, na China. Surgir a chance de ele ser escolhido por
emissários oficiais do governo de Mao Tse Tung para estudar balé em
Pequim. Na capital, começa a longa fase de aprendizado. Já adulto, se
destaca em uma apresentação para a visita de uma turma do balé de
Houston. Não demora a ser enviado pelos governantes chineses à nação
americana, então apresentada como símbolo da perversidade capitalista.
Com uma
narrativa
que
alterna presente e passado, o novo mundo e o antigo de Li, o
australiano
Bruce Beresford faz mais uma realização original na trama e no
enfoque,
que privilegia um choque cultural ou uma troca de modus vivendi. Foi assim em
“Conduzindo Miss Daisy” (Oscar de melhor filme em
1989),
“Mister Johnson” e “Hábito Negro”. Aqui, é uma
criatura nascida e educada sob tutela preconceituosa e repressiva, que se
instalou na China após o surgimento da Republica Popular em
1949, que se vê diante de uma maneira de viver diferente e melhor,
sem as
amarras autoritárias do governo liderado por Mao Tse Tung de
1949
a 1976, ano da morte desse ditador. Prestes a completar 72
anos,
Beresford mostra criativa vitalidade e incrível linguagem, eficiente
e
moderna para conduzir o enredo. Com poucos takes, já transmite o
encantamento e a surpresa do protagonista diante da moderna América e da
natural
afetividade que as pessoas demonstram. O sucesso profissional e a conduta
espontânea, sem nenhuma orientação ou ameaça autoritária ou partidária,
agregam
em Li uma necessidade de ser livre que antes, sob o domínio do medo e no
convívio com o autoritarismo, não existia nele.
Embora
resvale em certa pieguice,
“O
Último Dançarino de Mao” comove em muitas cenas e resulta em filme
belo
e perturbador, que nos leva à reflexão sobre nossa tolerância com nações
repressivas. É lícito aceitar relações com Cuba, China e outros países que
desrespeitam direitos humanos, devido apenas às relações comerciais .
Emociona?
Acho que não.
Alfredo Sternheim
é
cineasta,
jornalista,
professor
e escritor.
“O Último Dançarino de Mao” (“Mao’s Last Dancer” - Austrália
-
2008 - 117’) Direção: Bruce Beresford Com: Chi
Cao,
Bruce Greenwood, Penne Hackforth-Jones,
Christopher Kirby, Suzie Steen e Madeleine
Eastoe,
entre outros.
Blu-ray:
Menu interativo - Seleção de cenas Tela:
Widescreen Anamórfico Áudio:
DTS-HDMA (5.1) Idioma:
português e
inglês
Legenda:
português Extras: Ficha técnica / Trailers
Distribuição: Califórnia Filmes
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