“Anjos da
Lei”
Ao mesmo tempo em que brinca com a série original, o filme a respeita.
C&N
Baseado na série dos anos 1980,
“Anjos da Lei” não é bem uma adaptação fiel
para o
cinema da produção para a TV que revelou Johnny Depp,
mas
uma atualização um tanto radical para os dias de hoje. Inclusive de gênero.
A
ação continua (com a intensidade, a fúria e a montagem do cinema do século
21),
mas se havia humor em “Anjos da Lei”, a série, sua versão
cinematográfica chega a esbarrar na paródia, por algumas vezes no besteirol.
Principalmente em sua primeira metade. E, haters, aqui vai a
boa
notícia: funciona que é uma maravilha.
Para a garotada
que
não conhece a história, “Anjos da Lei”
acompanha as
aventuras de jovens tiras se infiltrando em escolas para desvendar crimes
cometidos entre os alunos. Nos intervalos das missões, os policiais se
reuniam
numa igrejinha abandonada em Jump Street, exatamente no número
21 (o que explica o título original).
Apesar da atualização, o que realmente diferencia o filme da série é a carga
exagerada de humor. Mas que vem nas horas certas. Em certos momentos - como
a
brincadeira genial com as explosões como clichê do cinema de ação -,
“Anjos da Lei” segura as piadas até não
aguentar
mais, entregando-as no momento ideal. Com Jonah Hill
(“Superbad”) assinando o roteiro, não dava pra fugir
muito da comédia escrachada. O importante é que, ao mesmo tempo em que
brinca
com a série original, ele a respeita. E muito. Há ainda uma deliciosa e
inteligente inversão de valores que dá uma banana para o chatíssimo
politicamente correto que dominou a nossa época. Tudo é planejado com base
na
intenção de atacar a tendência hipócrita da humanidade em dar as mãos ao que
é
considerado ‘certinho’. E “Anjos da Lei” não tem dó das
regras.
Como a dupla de
protagonistas está de volta à escola, o filme de Phil Lord e Chris
Miller (os irônicos e talentosos cineastas responsáveis pela animação
“Tá Chovendo Hambúrguer”) mostra que os novos
populares são os caretas e os
nerds. E
numa fala agressiva e, ao mesmo tempo, sensacional, o filme justifica o
atual
cenário jogando toda a culpa na série “Glee”, um dos
símbolos
culturais dessa tendência.
Não é nada pessoal. “Anjos da
Lei” apenas brinca com um senso
de
humor que foi estranhamente proibido. Não quer saber se você pode ou não
fazer
em casa o que acabou de ser visto na tela. Diabos, na época de desenhos
animados
como Papa-Léguas, Tom & Jerry e
Pica-Pau, os pais não temiam as reações de seus filhos.
Talvez
um ou outro. Mas não era uma preocupação generalizada, que causou inclusive
mudança em letras de músicas que eram retratos de uma época, como
‘Atirei
o Pau no Gato’. Cara, eu nunca botei fogo na minha casa. E olha que
esse “Anjos da Lei” (o filme) seria censura livre perto do
humor
de clássicos oitentistas da comédia como “Apertem os Cintos, O Piloto
Sumiu”, “Loucademia
de Polícia” e “Corra que a Polícia Vem
Aí”.
Jonah Hill
ainda
pegou para si o papel principal ao lado de Channing Tatum, o maior
beneficiado pelo sucesso do filme. Já faz um bom tempo que Hill não
precisa mais provar nada a ninguém como comediante. A surpresa foi descobrir
recentemente no garoto o talento como ator dramático, em “O Homem que
Mudou o Jogo”. O caso de Channing Tatum é diferente.
Péssimo (até agora) em dramas, o rapaz provou ter vocação para a comédia.
Seja
dividindo a cena com Jonah Hill ou com outros atores de “Anjos
da
Lei”, Channing Tatum chega a ser muito mais engraçado que o
badalado Adam Sandler. Portanto continue assim, cara.
E
fique atento para uma participação
especial relâmpago no fim do filme, que passa definitivamente o bastão para
Hill e Tatum. Espero que isso seja um indício de que os novos
“Anjos da Lei” chegaram para ficar. Essa é a
melhor
comédia do ano.
“Anjos da
Lei” (“21
Jump
Street” - EUA - 2012 - 109’) Direção: Phil Lord e Chris Miller Com: Jonah Hill,
Channing Tatum, Brie Larson, Dave
Franco, Rob Riggle, DeRay Davis,
Ice
Cube, Dax Flame, Chris Parnell,
Ellie
Kemper, Jake M. Johnson e Nick
Offerman, entre
outros.
Distribuição: Sony Pictures
Acesse: www.hollywoodiano.com.
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