“The Last 5
Years”
‘Cheio de melodias persistentes, através de suas belas letras, se conta uma história sincera e convincente’.
Michael Kuchwara, ‘Associated Press’.
C&N
Jason
Robert
Brown ganhou um Prêmio Tony por ter escrito
o
score de “Parade”
(1998),
mas o score dele que eu mais
curto é
o do musical off-Broadway “The Last 5
Years”, vencedor do Drama Desk Award de 2002, de Melhores Música e
Letras. Jason é um
compositor que teve uma rápida ascensão, se casou com uma atriz muito
batalhadora (Theresa O'Neill) e acabou se divorciando depois de cinco
anos. Daí ele escreveu um musical sobre um autor que teve uma rápida
ascensão e
que se casou com uma atriz muito batalhadora, que acabou se divorciando
depois
de cinco anos. Parecido? Você decide.
Independentemente disso, a música e as letras são fabulosas, assim como
são
os dois atores principais. Sherie
Rene
Scott (Catherine) é uma daquelas raras criaturas que pode fazer
comédia, drama, cantar debaixo de uma tempestade, e continuar bela. Seu
marido é
interpretado por Norbert Leo Butz
(Jamie), antes de ganhar seus Tonys de Melhor Ator por “Dirty Rotten Scoundrels”
(2005)
e “Catch Me if You Can”
(2011).
Ele é encantador e engraçado, com um som único, que eu amo. Não há um
diálogo o
show inteiro, só música. O musical foi dirigido pela filha de Hal Prince - o ‘Príncipe da Broadway’ -, Daisy. E assim como o musical
dirigido
por Prince, “Merrily We Roll Along” (1981), “The
Last 5 Years” é
contado de trás para frente. Bem, Catherine conta a história
de
trás para frente, enquanto Jamie a conta para adiante.
Desta forma, no começo do musical, Cathy está lidando com o
recente
rompimento do casamento e Jamie está prestes a
conhecer a
garota com quem ele casará.
Ambos
os personagens são seres humanos completamente redondos com suas virtudes e
defeitos:
Jamie é esperto,
espirituoso
e realmente encantador, mas também um pouco cheio de si, enquanto que Cathy é entusiasmada,
afetuosa e
engraçada, mas tende a ver-se como uma vítima. O conceito ‘trás pra
frente/em
diante’ acrescenta imensamente para o conteúdo emocional do score: no exato momento onde as
histórias do casal se sobrepõem cronologicamente, quando eles estão num
barquinho no lago do Central Park, é de tirar o fôlego, e a sequência final
é
indescritivelmente tocante ("The Next Ten
Minutes”).
Jason
Robert
Brown é o pianista no
CD do Original
Off-Broadway Cast (Sh-K-Boom - 2002), e suas orquestrações são
incríveis, incluindo gêneros como o pop, jazz,
clássico, klezmer, latino,
rock e folk. Só escutando para você conferir o
que
ele faz com a seção de cordas!
O
show tem também seu alívio cômico:
“Shiksa Godess”
é
um lenga-lenga engraçadíssimo de Jamie sobre a reação antecipada de
sua
mãe sobre ele estar saindo com uma gói (não-judia). Outro ponto alto
é
“The Schmuel
Song”, onde Jamie conta a Cathy uma bem-humoradamente
doce
história que define o relacionamento deles.
Porém, os
destaques
vão para “Movin’ too Fast”
e
“Summer in Ohio”. “Movin’ too Fast”
é a primeira canção de Jamie
e descreve sua rápida ascensão à fama. Tem jazz e é cheia de
energia, e Norbert Leo Butz tem
alguns riffs audaciosos no meio.
Eu
sou totalmente obcecado com seu ‘r’, caipira vigoroso. Repare como ele
pronuncia ‘skater’ e ‘later’. Você escutará ‘skateRRR’e ‘lateRRR’. Adoro!
“A Summer in
Ohio” é
outro daqueles alívios cômicos que citei anteriormente. Cantado por Cathy, é uma visão engraçadíssima
de um
summer-stock (aquelas produções teatrais de
companhias de repertório apresentadas durante o verão, no interior dos EUA).
Consiste numa carta que Sherie está escrevendo para
Jamie enquanto está se
apresentando num destes summer-stocks em Ohio. Jason Robert Brown fez uma grande
letra, que descreve estas produções teatrais perfeitamente. Geralmente você
tem
uma pequena trupe de atores que fazem uma infinidade de papéis por todo o
verão,
alguns apropriados, outros não. Shery então canta sobre um
ator
amigo que faz tanto Tevye
(um
velho judeu de “Um Violinista no Telhado”)
quanto Porgy (um jovem negro de “Porgy & Bess”)! Hilário!
Preste
atenção em suas últimas notas... Um mi bemol fabulosamente beltado com direito a um riff de blues no final.
Embora a
produção
original, que resultou nesta gravação, tenha recebido críticas mistas e
negativas e tenha encerrado a temporada rapidamente - somente dois meses -
“The
Last 5 Years” provou
com
o passar do tempo ser extremamente popular no circuito de teatros regionais
americanos e mundo afora - em parte porque este musical de dois personagens
requer um mínimo de cenários e figurinos, mas também porque oferece a
excelência
do score de Jason Robert Brown. Também se
tornou
cult, e já foi montado em
dezenas de países como Israel, Argentina, Malásia,
Alemanha, Grécia e Hungria. Segundo a agência MTI - Music Theater
International, uma produção brasileira está marcada para estrear em
3 de agosto, em São Paulo, pela Bela Musicales Produções
Ltda.,
companhia produtora de musicais, fundada pela
cantriz Kiara Sasso (“Hair”, “Mamma Mia!”, “A
Noviça Rebelde”)
.
Algo autobiográfico, o show de Jason Robert Brown é mais um ciclo
de
canções do que um musical tradicional, o que não significa que careça de
emoção
ou teatralidade. “The Last 5 Years” é
uma
obra-prima moderna do teatro musical americano, e o CD com o
elenco original é essencial na coleção daqueles
que
são apaixonados por esta forma de arte.
Cláudio Erlichman
é
publicitário
e produtor
cultural.
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