18 de maio de 2012

“O Corvo”


O Corvo

Filme, na realidade, falha apenas em aproveitar pouco o próprio poema do título.
C&N
Nebulosas circunstâncias marcam a morte do escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809/1849): foi encontrado num banco de parque em Baltimore, visivelmente delirante, balbuciando o nome Reynolds e, dias depois, morreu de causa não identificada, na época.
O roteiro de “O Corvo” (“The Raven” - 2012) tenta lançar alguma luz sobre estes fatos, explicando a razão de tão estranha situação. Não sei precisar até que ponto há veracidade nas ideias apresentadas, mas enquanto roteiro, é bastante interessante a trama apresentada.
Não sei precisar porque o filme foi mal recebido internacionalmente. Em tempos de revisão daquele período histórico, levando-se em conta que, com resultados díspares, há uma série de produções que evocam personagens e/ou histórias de época - “Sherlock Holmes”, “O Despertar”, “A Mulher de Preto” - parece bem vinda esta nova incursão ao século XIX.
Um dos entraves pode ser atribuído à falta de carisma, enquanto protagonista, de John Cusak. De figura agradável - the boy next door - não consegue injetar dramaticidade suficiente em determinadas situações, o que evita a total empatia do espectador. Neste ponto, merecem destaque as interpretações do galês Luke Evans (de “Os Três Mosqueteiros” e “Imortais”), como o Detetive Fields, e de Alice Eve (da série “Entourage”), como o interesse romântico de Poe, Emily Hamilton, a antítese da donzela em perigo que, quando necessário, vai à luta, não importando as unhas partidas.
No filme, um serial killer passa a executar crimes baseados em textos de Poe onde, a cada morte, deixa uma nova pista da próxima vítima e de sua identidade. A polícia de Baltimore pede a ajuda de Poe para antecipar os passos do criminoso, analisando as cenas dos crimes em comparação à sua obra.
Não deixa de ser interessante de se observar, numa sociedade pré-CSI”, a amplitude da investigação e análise de cada cena do crime, e o poder de dedução dos envolvidos. Com soluções visuais muito interessantes, bela recriação de época e figurinos caprichados, “O Corvo”, na realidade falha apenas em aproveitar pouco o próprio poema do título, sem dúvida a obra mais conhecida de Poe - ‘disse o corvo, nunca mais...’.
De qualquer forma, vale destacar também o belo uso da linguagem de época na construção dos diálogos - fato raro em época de total falta de erudição por parte de roteiristas - num resultado que, ao invés de entediar, como era de se esperar, cria um real elo com a linguagem visual, consolidando o conjunto da obra. Bonito de se ver, bom de se ouvir.
Talvez a opção por um pouco menos de gore - há certo excesso de vísceras - e o uso de um protagonista mais magnético - e dá-lhe Robert Downey Jr. - resultassem num produto de maior apelo ao público em geral. Mas que isso não seja empecilho. Veja o filme; no geral vale muito à pena.
O Corvo (“The Raven - EUA/ Hungria/ Espanha - 2012 - 111’) Direção: James McTeigue Com: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson e Kevin McNally, entre outros.
Distribuição: Paris FilmesOnde: Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca - Sala 5 - Rua Frei Caneca 569 - 3º Piso - Consolação Tel.: (11) 3472-2359
Sessões: 14h, 16h30, 19h e 21h30

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