“O Corvo”
Filme,
na realidade, falha apenas em aproveitar pouco o próprio poema do título.
C&N
Nebulosas
circunstâncias marcam a morte do
escritor
norte-americano Edgar Allan Poe (1809/1849): foi encontrado num banco
de
parque em Baltimore, visivelmente delirante, balbuciando o nome
Reynolds e, dias depois, morreu de causa não identificada, na
época.
O
roteiro de “O Corvo”
(“The Raven” - 2012) tenta lançar alguma luz sobre estes fatos,
explicando a razão de tão estranha situação. Não sei precisar até que ponto
há
veracidade nas ideias apresentadas, mas enquanto roteiro, é bastante
interessante a trama apresentada.
Não sei
precisar porque o filme foi mal
recebido
internacionalmente. Em tempos de revisão daquele período histórico,
levando-se
em conta que, com resultados díspares, há uma série de produções que evocam
personagens e/ou histórias de época - “Sherlock Holmes”,
“O
Despertar”, “A Mulher de Preto” - parece bem vinda
esta
nova incursão ao século XIX.
Um dos
entraves pode ser atribuído à falta
de
carisma, enquanto protagonista, de John Cusak. De figura agradável -
the boy next door - não consegue injetar dramaticidade
suficiente
em determinadas situações, o que evita a total empatia do espectador. Neste
ponto, merecem destaque as interpretações do galês Luke Evans (de
“Os
Três Mosqueteiros” e “Imortais”), como o Detetive
Fields, e de Alice Eve (da série “Entourage”), como o
interesse romântico de Poe, Emily Hamilton, a
antítese da donzela em perigo que, quando necessário, vai à luta, não
importando
as unhas partidas.
No
filme, um serial killer passa
a
executar crimes baseados em textos de Poe onde, a cada morte,
deixa uma nova pista da próxima vítima e de sua identidade. A polícia de
Baltimore pede a ajuda de Poe para antecipar os passos do
criminoso, analisando as cenas dos crimes em comparação à sua
obra.
Não
deixa de ser interessante de se
observar,
numa sociedade pré-“CSI”, a amplitude da investigação e
análise de cada cena do crime, e o poder de dedução dos envolvidos. Com
soluções
visuais muito interessantes, bela recriação de época e figurinos
caprichados,
“O Corvo”, na realidade falha apenas em aproveitar pouco o
próprio
poema do título, sem dúvida a obra mais conhecida de Poe - ‘disse o
corvo,
nunca mais...’.
De qualquer
forma, vale destacar também o belo
uso da
linguagem de época na construção dos diálogos - fato raro em época de
total
falta de erudição por parte de roteiristas - num resultado que, ao invés
de
entediar, como era de se esperar, cria um real elo com a linguagem visual,
consolidando o conjunto da obra. Bonito de se ver, bom de se
ouvir.
Talvez a
opção por um pouco menos de
gore -
há certo excesso de vísceras - e o uso de um protagonista mais
magnético
- e dá-lhe Robert Downey Jr. - resultassem num produto de
maior
apelo ao público em geral. Mas que isso não seja empecilho. Veja o filme;
no
geral vale muito à pena.
“O Corvo” (“The Raven” - EUA/
Hungria/ Espanha - 2012 - 111’) Direção: James McTeigue Com: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan
Gleeson e Kevin McNally, entre
outros.
Distribuição: Paris
FilmesOnde: Espaço Itaú de Cinema Frei
Caneca
-
Sala
5 - Rua Frei Caneca 569 - 3º
Piso
- Consolação
Tel.: (11) 3472-2359
Sessões: 14h, 16h30, 19h e 21h30
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