24 de maio de 2012

“Plano de Fuga”


Plano de Fuga
Ninguém aqui precisa ter nível superior para entender a trama.
C&N
Desculpe-me se você está interessado em leituras sobre a vida pessoal dos astros. Mas aqui ninguém vai ler se Mel Gibson é racista e bate em mulheres. Só vou dizer que ele ainda continua um ótimo herói de filmes de ação. E aos 56 anos. É verdade que “Plano de Fuga é um filme que você nem vai lembrar quando acordar no dia seguinte, até dar de cara com a sua vigésima reprise no Domingo Maior. Em parte porque você já viu isso antes. E com o próprio Mel Gibson. “Plano de Fuga” é uma espécie de remake amarelado, sujo, feio e fedorento do azulado e limpinho “O Troco”, que por sua vez já era uma refilmagem de “À Queima Roupa”, filme de 1967 com Lee Marvin.
Em Plano de Fuga”, Mel Gibson é um vigarista sem nome, que rouba uma bela grana de um ricaço e a consequência é tirar férias sem volta num presídio mexicano. Apesar do oportuno título nacional, “Plano de Fuga” não se trata simplesmente do bom e velho Martin Riggs tentando escapar da prisão lamacenta e mais quente que o inferno. Quando o protagonista dá indícios de que planeja algum meio de sair dali, ele conhece um menino (o promissor Kevin Hernandez), e se mete num jogo de gato e rato de soluções tão imprevisíveis quanto as do esquecível “O Troco”. O (anti)herói passa a destrinchar todas as peças do tabuleiro, dando uma de detetive, quando deveria partir pra porrada na e cruzar a fronteira na marra.
E o erro de “Plano de Fuga” é exatamente esse. O de ser mais ambicioso que aparentava ser em sua primeira metade. Começa com diálogos que funcionariam muito bem em filmes como “Os Mercenários” e termina tentando posar de engraçadinho, como um thriller munido de inteligência acima de média. Mas não se assuste. É só pretensão. Ninguém aqui precisa ter nível superior para entender a trama. A ambição podia ter ficado na base das referências, como a do cinema de Sam Peckinpah – antes que você perceba o dedo na produção do Sr. Gibson em momentos violentíssimos, como a cena do tiroteio, lembre-se que a histórias dos filmes começou muito antes de “Mad Max”. O cineasta de Meu Ódio Será Sua Herança” certamente tiraria o chapéu para essa sequência rodada em câmera lenta, ressaltando o fetiche pela violência. Mas tanto Gibson, que também assina o roteiro, quanto o diretor estreante Adrian Grunberg (assistente de direção de Gibson em “Apocalypto”) tentam voos mais altos para entregar algo mais ousado para os padrões hollywoodianos, já que o astro está definitivamente rompido com a indústria.
Mas, por incrível que pareça, o fim do filme não justifica o meio. O que se vê é apenas enrolação para que tudo termine da forma mais redondinha possível. O que começou como uma obra de outsider termina como um pedido descarado de ‘aceitem-me de volta, por favor’.
Plano de Fuga(“Get the Gringo - EUA - 2012 - 95’) Direção: Adrian Grunberg Com: Mel Gibson, Peter Stormare, Dean Norris, Bob Gunton e Kevin Hernandez, entre outros.
Distribuição: Imagem Filmes

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