“Plano de
Fuga”
Ninguém aqui precisa ter nível superior para entender
a trama.
C&N
Desculpe-me se você está interessado em leituras sobre a vida pessoal dos astros. Mas aqui
ninguém vai ler se Mel Gibson é racista e bate em mulheres. Só vou
dizer
que ele ainda continua um ótimo herói de filmes de ação. E aos 56 anos. É
verdade que “Plano de Fuga” é um filme
que
você nem vai lembrar quando acordar no dia seguinte, até dar de cara com a
sua
vigésima reprise no Domingo Maior. Em parte porque você já
viu
isso antes. E com o próprio Mel Gibson. “Plano de Fuga”
é
uma espécie de remake amarelado, sujo, feio e fedorento do azulado
e
limpinho “O Troco”, que por sua vez já era uma refilmagem de
“À Queima Roupa”, filme de 1967 com Lee
Marvin.
Em
“Plano de Fuga”,
Mel
Gibson é um vigarista sem nome, que rouba uma bela grana de um ricaço e
a
consequência é tirar férias sem volta num presídio mexicano. Apesar do
oportuno
título nacional, “Plano de Fuga” não se trata
simplesmente do bom e velho Martin Riggs tentando escapar da prisão
lamacenta e mais quente que o inferno. Quando o protagonista dá indícios de
que
planeja algum meio de sair dali, ele conhece um menino (o promissor Kevin
Hernandez), e se mete num jogo de gato e rato de soluções tão imprevisíveis
quanto as do esquecível “O Troco”. O (anti)herói
passa a
destrinchar todas as peças do tabuleiro, dando uma de detetive, quando
deveria
partir pra porrada na e cruzar a fronteira na marra.
E
o erro de “Plano de
Fuga” é exatamente esse. O de ser mais ambicioso que
aparentava ser em sua primeira metade. Começa com diálogos que funcionariam
muito bem em filmes como “Os Mercenários” e
termina
tentando posar de engraçadinho, como um thriller munido de inteligência
acima de
média. Mas não se assuste. É só pretensão. Ninguém aqui precisa ter
nível
superior para entender a trama. A ambição podia ter ficado na base das
referências, como a do cinema de Sam Peckinpah – antes que você
perceba o
dedo na produção do Sr. Gibson em momentos violentíssimos, como a
cena do
tiroteio, lembre-se que a histórias dos filmes começou muito antes de
“Mad Max”. O cineasta de “Meu
Ódio
Será Sua Herança” certamente tiraria o chapéu para
essa
sequência rodada em câmera lenta, ressaltando o fetiche pela violência. Mas
tanto Gibson, que também assina o roteiro, quanto o diretor estreante
Adrian Grunberg (assistente de direção de Gibson em
“Apocalypto”) tentam voos mais altos para entregar algo mais ousado
para os padrões hollywoodianos, já que o astro está definitivamente rompido
com
a indústria.
Mas, por incrível que pareça, o fim do filme não justifica o meio. O que se vê é
apenas
enrolação para que tudo termine da forma mais redondinha possível. O que
começou
como uma obra de outsider termina como um pedido descarado de
‘aceitem-me
de volta, por favor’.
“Plano de
Fuga” (“Get
the
Gringo” - EUA - 2012 - 95’) Direção: Adrian Grunberg Com: Mel Gibson, Peter Stormare,
Dean
Norris, Bob Gunton e Kevin Hernandez, entre outros.
Distribuição: Imagem Filmes
Acesse: www.hollywoodiano.com.
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