“Drive”
Um filme digno, para os apreciadores da verdadeira Sétima Arte.
C&N
Em
Los Angeles, um jovem
dublê
(Ryan Gosling) de filmes policiais, adota outra
identidade:
à noite é um motorista de assaltantes a banco, em uma profissão arriscada.
Apaixona-se por uma garota casada, Irene (Carey Mulligan),
cujo
marido está prestes a sair da prisão e, sem saber, acaba envolvido em
negócios
escusos com gângsteres, chefiados por Bernie Rose (Albert
Brooks).
O
astro Ryan Gosling confirma
seu
talento nesse novo filme policial de impacto. Apesar do fracasso de
bilheteria,
obteve aura de cult, especialmente pela semelhança com fitas
europeias de vanguarda e o tom noir.
Já
começa com o personagem central em
atividade criminosa, em uma sequência de arrepiar, de puro clima de tensão:
ele
transporta, em seu carro, bandidos para assaltarem bancos. Impõem regras
rígidas, não é de falar muito e não tem nome - apenas chamado de
Driver (Motorista).
O
protagonista consolida-se como um
anti-herói perturbado, que elimina os inimigos violentamente, sem piedade.
Isto
porque cai sem querer em uma complexa rede de traições e vingança, tendo que
proteger a si mesmo.
A
produção acertou na construção do
visual,
notável e estilizado, com cenas de violência animalesca (por exemplo, o
Motorista mata uma das vítimas com chutes fortes no rosto, e também
na
sequência do tiro, que abre a cabeça de uma vigarista). Ou seja, a mão
pesada do
diretor pode mexer com os nervos do público menos avisado.
Outro detalhe importante é a proximidade noir, que confina o
sujeito
principal, em crise existencial, sem rumo, sem saída, em um mundo de
indecisões.
Atribui-se as qualidades técnicas do filme ao
diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn,
que
investe na edição frenética (ele é filho de um montador e dirigiu poucos
filmes
- alguns sobre luta de boxe, como “Bronson”, além de uma
trilogia
sobre tráfico de drogas, “Pusher”, inédita no Brasil, e
um
filme de suspense psicológico bem esquisito, “Medo X”, seu
primeiro longa). Por isso, não é de se espantar o motivo de ele ter ganhado
o
prêmio de melhor diretor em Cannes (além da indicação à Palma de
Ouro) por “Drive”. Um cineasta promissor, visto com bons
olhos
pela crítica.
É,
para mim, o melhor momento do ator
Ryan Gosling, que no ano passado esteve em duas ótimas fitas - a
comédia
“Amor a Toda Prova” e o drama político “Tudo Pelo
Poder”, no qual foi indicado ao Globo de
Ouro.
Diante de
inúmeros
pontos positivos, perdoamos o romance-clichê entre o Motorista
e a
jovem Irene, a parte banal dessa fita de prestígio.
Baseado no
livro de James Sallis, recentemente lançado no
Brasil, foi adaptado às telas por um roteirista do Irã,
Hossein
Amini, indicado ao Oscar por “Asas do
Amor”.
E
por falar em Oscar,
“Drive” recebeu uma indicação ao prêmio da
Academia, como melhor edição de
som, e
uma ao Globo de Ouro - melhor ator coadjuvante
(Albert Brooks, fenomenal na pele de um gângster com métodos
cruéis).
Reparem na
trilha
sonora jovial, de boas bandas contemporâneas, como College,
que
interpreta o tema central, “A Real Hero”.
Um
filme digno, para os apreciadores da
verdadeira Sétima Arte.
“Drive” (EUA -
2011
- 100’) Direção:
Nicolas
Winding Refn Com:
Ryan
Gosling, Carey
Mulligan, Bryan Cranston, Albert Brooks,
Oscar Isaac, Christina Hendricks e Ron
Perlman,
entre
outros Distribuição: Imagem
Filmes
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