‘Bilheterias
Brasil de 18 a 20 de
maio’ e
“Na Estrada” em Cannes’
“Os Vingadores” continuam
dominando.
C&N
Como vem acontecendo em todos os países onde foi lançado, “Os
Vingadores” continuou na liderança das bilheterias
brasileiras, por mais um fim de semana. Aliás, as três primeiras
posições
da semana anteriores foram mantidas, com “Battleship
- A Batalha dos Mares” e ”Piratas Pirados” mantendo
respectivamente, a 2ª e
3ª posições.
As outras duas
estreias
da semana, “O Corvo” e “Plano de Fuga” ficaram
na
4ª
e na 5ª
colocações,
tendo faturado mais de US$ 500
mil
cada um. A outra estreia da semana, o filme chinês “O Que Eu Mais
Desejo”
não se saiu tão bem, ficando na 15ª
posição,
fora, portanto do ranking das Top
10.
Entre os filmes
nacionais,
“Paraísos Artificiais”, há três semanas em cartaz, foi o único
a
permanecer no ranking, tendo caído da 5ª
para a 7ª
posição. “Xingu”, que ocupava a
10ª
posição
na semana passada, caiu para a 13ª e saiu das Top
10.
Correspondendo às
bilheterias internacionais, a bilheteria de “Battleship” ficou muito abaixo
da de
“Os
Vingadores”, considerado o grande responsável pelo
naufrágio do navio de guerra. Assim como Rich Ross, dirigente
da
Disney, que foi
defenestrado por causa do fracasso de “John Carter”, já se
fala em
mudanças na cúpula da NBC Universal, produtora
do
filme.
Para muitos
analistas,
o fracasso de “Battleship” era
previsto.
Baseado em um game que ninguém abaixo dos 30 anos conhece, com elenco sem
astros
de primeira grandeza e roteiro fraco, a esperança era o mercado
internacional.
‘Nos dias de hoje, quem não estoura antes
nas
mídias sociais, morre na primeira noite’, disseram
executivos dos estúdios entrevistados pela The
Hollywood Reporter.
No
fim de semana, os únicos filmes que
tiveram aumento de bilheteria em relação à semana anterior foram “Raul
Seixas: O Princípio, o Fim e o Meio”
(subiu 304% sem abrir para mais salas), “As
Neves de Kilimanjaro” e “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus
Lindos Lábios”. Mas o aumento não foi
suficiente
para que ficassem entre as Top 10.
“Na
Estrada”
Enquanto o
site
Boxofficemojo, no qual nos
baseamos, não consegue fechar as bilheterias brasileiras, a crítica
cinematográfica norte-americana, presente em Cannes, se encanta com o novo
filme
de Walter Salles, “Na Estrada”. Os sites The Wrap e The Hollywood Reporter já
viram
o filme, e elogiaram bastante o novo trabalho Walter Salles, exibido
em
competição no festival.
“Na
Estrada” (On the Road), que estreia no Brasil em
13
de julho, concorre à Palma de Ouro. Segundo Todd
McCarthy, editor da The Hollywod Reporter, a
adaptação para a tela do livro de Jack Kerouac é vibrantemente
visualizada e a atriz principal Kristen Stewart está perfeita.
Transpor o
livro de
“On the Road” para as telas foi
um
desejo abandonado anteriormente por muitos diretores, incluindo Francis
Ford
Coppola, dono dos direitos do livro e produtor executivo do filme. O
romance
de Jack Kerouc é de 1957, e é passado na década de 50, período
de
gestação da contracultura americana.
Walter Salles e
o
roteirista
Jose Rivera, que já fizeram juntos “Diários de Motocicleta”, na
opinião
de Anne Thompson, do site Thompson on Hollywood, foram muito bem
sucedidos onde muitos fracassaram. Segundo ela, uma das dificuldades do
roteiro
é a grande variedade de locações, em muitos períodos diferentes e com um
enorme
elenco. E também transmitir a angústia e as buscas de uma geração que os
menores
de 40 anos não conhecem, o que Salles consegue muito bem.
Mas, o que
teria
essa gente da geração beat para dizer ao
público de hoje? Figuras históricas da literatura como Kerouac e
Allen
Ginsberg foram os precursores da contracultura, mas hoje ninguém fala
deles.
Foi uma geração que se rebelava contra os costumes conservadores da época, e
álcool, jazz, sexo,
misoginia, criatividade e
irresponsabilidade faziam parte de suas vidas e do filme.
Rivera e Salles
fizeram extensa pesquisa bibliográfica e de campo à procura de sobreviventes
daquela geração. Segundo a crítica, Salles deixa bem claro que ele
está
mostrando os anos que antecederam e propiciaram o aparecimento da geração
beatnik. O movimento beatnik
foi
um movimento social e literário norte-americano que criticava o modo de vida
e
os valores do país e da sociedade industrial.
Grande parte do fascínio do filme vem da figura de Neal Cassady, maior
figura da geração beat dos anos 1950 e do movimento psicodélico da
década
de 60. No livro, e no filme ele é Dean Moriarty. Um um hippie
carismático
que fascinava homens e mulheres à sua volta, fossem suas múltiplas parceiras
(as
duas primeiras interpretadas por Kristen Stewart e Kirsten Dunst) ou o poeta
Allen Ginsberg (interpretado por Tom Sturridge como ‘Carlo’ no
filme), com quem Moriarty/Cassady teve uma relação
homossexual.
Kerouac era igualmente fascinado por ele. Em “Na
Estrada” (livro e filme) ele é o escritor Sal,
interpretado por Sam Riley e dedicou muitas páginas a
Moriarty.
Outro escritor, Tom Wolfe também retratou Moriarty em
“The
Electric Kool-Aid Acid Test”.
Quem viu, diz
que o
filme é mais ousado que o livro, mostrando como todos esses amigos e amantes
trocavam de parceiros sexuais, muitas vezes em grupo. Stewart é uma
dessas personagens, uma adolescente que não vê nada demais em saciar dois
parceiros ao mesmo tempo dentro de um automóvel.
Antes do festival de Cannes a distribuidora IFC/Sundance
Selects pagou um adiantamento maior do que o usual para ficar com o
filme e vencer a disputada concorrência por um filme que não é exatamente
comercial, apesar do elenco estelar que inclui ainda Viggo Mortensen
e
Amy Adams como William S. Burroughs e sua namorada. E também
Alice Braga como uma jovem mexicana, e Steve Buschemi.
Se
de Cannes vai para o
Oscar
é difícil dizer. Embora a academia vá apreciar o trabalho, a crítica vai
ficar
dividida. A fotografia de Eric Gautier e o vestuário são de tirar o
fôlego. Mas ainda será necessária uma grande ação de marketing, ótimas
críticas
e prêmios pelo caminho para que os dois astros principais Garret Hedlund (Moriarty) e Sam Riley (Sal Paradise), sejam
indicados. Agora, é esperar para ver.
“Na Estrada” (“On the
Road”
- EUA / França / Grã-Bretanha - 2012 - 139’) Produção: Jerry Leider
Company,
MK2
Films,
Videofilmes
Produção Executiva:
Francis Ford Coppola, John Williams, Jerry Leider,
Tessa
Ross e Arpad Busson Direção: Walter Salles Roteiro: Jose Rivera (baseado no romance
homônimo de Jack Kerouac) Com: Garrett Hedlund, Sam Riley,
Kristen Stewart, Amy Adams, Tom
Sturridge, Danny Morgan, Alice Braga,
Marie-Ginette Guay, Elisabeth Moss, Kirsten
Dunst e Viggo Mortensen, entre outros.
Direção
de fotografia: Eric Gautier Design de Produção: Carlos Conti
Figurino: Danny Glicker
Edição: Francois Gedigier
Música: Gustavo
Santaolalla Estreia:
23
de maio na França (Distribuição
MK2) e nos EUA (Distribuição
IFC/Sundance Selects) .Wanda de Andrade é jornalista especializada
em
mercado
cinematográfico.
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