9 de maio de 2012

“Battleship - Batalha dos Mares”


“Battleship - Batalha dos Mares”
Mais do mesmo em ‘nova’ roupagem.
C&N
Quem disse que alguém no mundo, além dos norte-americanos, estava precisando de mais um filme de invasão alienígena com desfile armamentista? Há questão de um semestre, já houve o sofrível “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles” (2011), com Aaron Eckhart, e agora nos chega o segundo blockbuster do verão hollywoodiano 2012: depois do bom e divertido “Os Vingadores”, estreia o antiquado e banal “Battleship - Batalha dos Mares”, de Peter Berg (“O Reino”, 2007; “Hancock”, 2008). Desloque a ação para as ilhas havaianas (por que não Pearl Harbor ???), mas não deixe de fazer menção bem esdrúxula a outras partes do mundo, como aqui Hong Kong, para sugerir que esta é uma invasão global. Mas tudo se resolverá em solo americano mesmo... Ou mares.
O filme é um velho desfile do poderio militar norte-americano, coisa que o cinema de lá recicla desde a Segunda Guerra Mundial e que, ainda recentemente, resultou no bem superior “Independence Day” (1996). Há uma longa introdução que apresenta personagens ralos e seus dramas pequenos, e então a ação começa para deleite dos fanáticos por efeitos especiais, edição de som, exibição de armas pesadas e muita destruição. Sou fã da boa ficção científica, mesmo de aventura – não é o caso deste “filme de menino”.
Agora sério: quem disse que Taylor Kitsch pode carregar um filme? Ele pode render como Remy LeBeau na franquia “X-Men”, como em “X-Men Origens: Wolverine” (2009), mas não tem o menor carisma para carregar um filme nas costas, seja de madeixas longas, como no recentíssimo fracasso da década “John Carter” (2012) e no começo do filme aqui, seja em visual militar. Kitsch não segura, mesmo sendo aposta do próprio diretor, que o lançou ao estrelato nos EUA na telessérie “Friday Night Lights” (2006/09), derivada de um longa dirigido pelo próprio Berg, “Tudo pela Vitória” (2004). E que agente sugeriu à cantora pop Rihanna, estrela de muitos jovens, estrear como atriz no cinema em papel tão masculinizado, empunhando armas e dando chutes? E já deu Liam Neeson à frente de filmes de ação e perigo (ou até mitologia), como o ainda em cartaz “A Perseguição” (2012), mostrando o quão em forma ele está! Sei que o pagamento deve ser bom, mas quando ele voltará a atuar seriamente?
O filme não escapa da fórmula mais básica, com herói rebelde que, por contingência, se coloca nos eixos (Kitsch), interesse amoroso WASP (Brooklyn Decker), sacrifícios de honra (desperdício do ator Alexander Skarsgaard, de “Melancolia” e da série “True Blood”), alienígenas de altíssima tecnologia, um Secretário da Defesa em desespero (Peter MacNicol), o personagem cômico – o astrônomo covarde interpretado por Hamish Linklater, que vem da série de TVThe Old Adventures of New Christine” (2006/10) – e a trilha sonora tonitruante e enfática, sem descanso ou inspiração, de Steve Jablonsky, cujo péssimo histórico inclui fracas refilmagens de clássicos do terror, como “Sexta-Feira 13” (2009) e “A Hora do Pesadelo” (2010), e todos os ensurdecedores “Transformers”. E o filme não foi visto em sala com som XD, neste caso, thank God!!! Aliás, curioso que este não chegou ao status 3D, pois teria muito potencial pro uso sensacionalista da tecnologia.
Afinal, a melhor ideia do filme é justamente sua premissa, seu ponto de partida e a justificativa do investimento da marca Hasbro: o roteiro da dupla Erich e Jon Hoeber (do derivativo “Terror na Antártida”, 2009; e do ótimo “Red - Aposentados e Perigosos”, 2010) foi inspirado no tradicional jogo de batalha naval (patenteado por Milton Bradley em 1931) - a um certo momento na trama, tanto humanos quanto alienígenas ficam sem radares e sensores, precisando antever movimentos e presenças do inimigo como se faz no jogo. É a oportunidade para o roteiro ser politicamente correto, com a inclusão de soldados mutilados em batalha, mas não inoperantes, e também de veteranos aposentados. Ao mesmo tempo, são feitas piadas infames com “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, já que os americanos aqui sugestivamente se juntam aos japoneses nesta nova batalha em Pearl Harbor.
Num verão que começou brilhante e promete continuar com filmes tão aguardados quanto o último Batman, o Homem-Aranha rejuvenescido, e o “Prometheus”, de Ridley Scott, haverá lugar para esta peça de museu repaginada com efeitos hi-tech? Os poucos que viram “John Carter” se arriscarão a ver novamente Taylor Kitsch como um herói cheio de piadinhas? O filme irá além de tentar renovar o apelo comercial do jogo de batalha naval e de suas versões modernas em game? E qual é a lógica daquela cena pós-créditos na Irlanda?

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