“Battleship - Batalha dos
Mares”
Mais do mesmo em ‘nova’
roupagem.
C&N
Quem
disse que
alguém no mundo, além dos norte-americanos, estava precisando de mais um
filme
de invasão alienígena com desfile armamentista? Há questão de um semestre,
já
houve o sofrível “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles”
(2011), com Aaron Eckhart, e agora nos chega o segundo
blockbuster
do verão hollywoodiano 2012: depois do bom e divertido “Os
Vingadores”, estreia o antiquado e banal “Battleship - Batalha
dos
Mares”, de Peter Berg (“O Reino”, 2007;
“Hancock”,
2008). Desloque a ação para as ilhas havaianas (por que não Pearl Harbor
???),
mas não deixe de fazer menção bem esdrúxula a outras partes do mundo, como
aqui
Hong Kong, para sugerir que esta é uma invasão global. Mas tudo se
resolverá em solo americano mesmo... Ou mares.
O filme é um velho
desfile
do
poderio militar norte-americano, coisa que o cinema de lá recicla desde a
Segunda Guerra Mundial e que, ainda recentemente, resultou no bem superior
“Independence Day” (1996). Há uma longa introdução que
apresenta
personagens ralos e seus dramas pequenos, e então a ação começa para deleite
dos
fanáticos por efeitos especiais, edição de som, exibição de armas pesadas e
muita destruição. Sou fã da boa ficção científica, mesmo de aventura – não é
o
caso deste “filme de menino”.
Agora
sério: quem disse que Taylor
Kitsch pode carregar um filme? Ele pode render como Remy
LeBeau na franquia “X-Men”, como em “X-Men
Origens: Wolverine” (2009), mas não tem o menor carisma para
carregar um filme nas costas, seja de madeixas longas, como no recentíssimo
fracasso da década “John Carter” (2012) e no começo do filme
aqui,
seja em visual militar. Kitsch não segura, mesmo sendo aposta do
próprio
diretor, que o lançou ao estrelato nos EUA na telessérie
“Friday
Night Lights” (2006/09), derivada de um longa dirigido pelo próprio
Berg, “Tudo pela Vitória” (2004). E que agente sugeriu
à
cantora pop Rihanna, estrela de muitos jovens, estrear como atriz no cinema
em
papel tão masculinizado, empunhando armas e dando chutes? E já deu Liam
Neeson à
frente de filmes de ação e perigo (ou até mitologia), como o ainda em cartaz
“A Perseguição” (2012), mostrando o quão em forma ele está!
Sei
que o pagamento deve ser bom, mas quando ele voltará a atuar
seriamente?
O filme não
escapa da
fórmula mais básica, com herói rebelde que, por contingência, se coloca nos
eixos (Kitsch), interesse amoroso WASP (Brooklyn Decker), sacrifícios de
honra
(desperdício do ator Alexander Skarsgaard, de
“Melancolia”
e da série “True Blood”), alienígenas de altíssima tecnologia,
um
Secretário da Defesa em desespero (Peter MacNicol), o
personagem
cômico – o astrônomo covarde interpretado por Hamish Linklater, que vem da
série
de TV “The Old Adventures of New Christine”
(2006/10) – e a trilha sonora tonitruante e enfática, sem descanso ou
inspiração, de Steve Jablonsky, cujo péssimo histórico inclui fracas
refilmagens
de clássicos do terror, como “Sexta-Feira 13” (2009) e
“A
Hora do Pesadelo” (2010), e todos os ensurdecedores
“Transformers”. E o filme não foi visto em sala com som
XD, neste caso, thank God!!! Aliás, curioso que
este
não chegou ao status 3D, pois teria muito potencial pro uso
sensacionalista da tecnologia.
Afinal, a melhor ideia do
filme é
justamente sua premissa, seu ponto de partida e a justificativa do
investimento
da marca Hasbro: o roteiro da dupla Erich e Jon
Hoeber (do derivativo “Terror na Antártida”, 2009;
e do
ótimo “Red - Aposentados e Perigosos”, 2010) foi inspirado no
tradicional jogo de batalha naval (patenteado por Milton Bradley em 1931) -
a um
certo momento na trama, tanto humanos quanto alienígenas ficam sem radares e
sensores, precisando antever movimentos e presenças do inimigo como se faz
no
jogo. É a oportunidade para o roteiro ser politicamente correto, com a
inclusão
de soldados mutilados em batalha, mas não inoperantes, e também de veteranos
aposentados. Ao mesmo tempo, são feitas piadas infames com “A Arte da
Guerra”, de Sun Tzu, já que os americanos aqui
sugestivamente se juntam aos japoneses nesta nova batalha em Pearl
Harbor.
Num verão que começou brilhante e
promete continuar com filmes tão aguardados quanto o último
Batman, o Homem-Aranha rejuvenescido, e o
“Prometheus”, de Ridley Scott, haverá lugar para esta
peça
de museu repaginada com efeitos hi-tech? Os poucos que viram “John
Carter” se arriscarão a ver novamente Taylor Kitsch como um
herói
cheio de piadinhas? O filme irá além de tentar renovar o apelo comercial do
jogo
de batalha naval e de suas versões modernas em game? E qual é a lógica
daquela
cena pós-créditos na Irlanda?
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