‘O dia em
que
tive três pais - Parte
I’
O segundo pai, o príncipe e o editor.
C&N
Foi na Flip de 2005. Como de costume, acabei não programando a ida a
Paraty. Aquela coisa: vida de balcão, sem final de semana, somada à
cuca fresca, resultam numa viagem um tanto improvisada para mim e a
Ana Cristina, moça que me atura. Mas quem tem amigos, tem tudo, já
dizia
a frase feita.
Algumas semanas antes, havia recebido em
Santos
o jornalista Zuenir Ventura e sua esposa, a Mary.
Quem leu algum dos livros do Zuenir pôde conhecer o seu saboroso estilo: um jornalismo misturado à memória, que produziu o já clássico “1968 - O ano que não terminou”, Editora Planeta. Mas quem, além de ler a obra, o conheceu de perto, se depara com um gentleman, uma figura rara, divertida e generosa.
E lá fomos eu e Ana para a histórica Paraty, sem nenhuma entrada para nenhuma mesa, mas cheio de amigos: os escritores.
Depois de cumprimentar o ‘brimo’ Milton Hatoum, e também o vicentino Zé Miguel Wisnik, encontramos acidentalmente Zuenir e Mary. Foi aquela festa. Estávamos lá, como papagaios de pirata, assim como muita gente, sem ingressos, tomando um café e vendo o movimento de senhoras descoladas, com seus penteados cheios de laquê, echarpes e havaianas, num estilo hippie-cult-paratyense, quando mestre Zuenir nos tirou da pasmaceira. Deu um braço para mim e outro para a minha mulher e rumamos como ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ para a entrada da tenda dos autores, o mais desejado local da Flip.
Furamos a fila e fomos para a entrada lateral, guardada por um segurança com cara de segurança. Vejam vocês. Zuenir exibe seu crachá como se fosse um crucifixo para o vampiro segurança. O dedicado homem perguntou a respeito das credenciais do jovem casal, no que foi interrompido pelo jornalista: Meu filho e minha nora, eles vem comigo!
Quem leu algum dos livros do Zuenir pôde conhecer o seu saboroso estilo: um jornalismo misturado à memória, que produziu o já clássico “1968 - O ano que não terminou”, Editora Planeta. Mas quem, além de ler a obra, o conheceu de perto, se depara com um gentleman, uma figura rara, divertida e generosa.
E lá fomos eu e Ana para a histórica Paraty, sem nenhuma entrada para nenhuma mesa, mas cheio de amigos: os escritores.
Depois de cumprimentar o ‘brimo’ Milton Hatoum, e também o vicentino Zé Miguel Wisnik, encontramos acidentalmente Zuenir e Mary. Foi aquela festa. Estávamos lá, como papagaios de pirata, assim como muita gente, sem ingressos, tomando um café e vendo o movimento de senhoras descoladas, com seus penteados cheios de laquê, echarpes e havaianas, num estilo hippie-cult-paratyense, quando mestre Zuenir nos tirou da pasmaceira. Deu um braço para mim e outro para a minha mulher e rumamos como ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ para a entrada da tenda dos autores, o mais desejado local da Flip.
Furamos a fila e fomos para a entrada lateral, guardada por um segurança com cara de segurança. Vejam vocês. Zuenir exibe seu crachá como se fosse um crucifixo para o vampiro segurança. O dedicado homem perguntou a respeito das credenciais do jovem casal, no que foi interrompido pelo jornalista: Meu filho e minha nora, eles vem comigo!
Entramos abraçados,
os três. Uma vez lá dentro, avistamos Mary, que acenou gritando:
Venham, venham!
Estava um pouco
escuro, o que me tranquilizou. Fui tentando largar do meu segundo pai,
estávamos
ainda abraçados, eu queria puxar a Ana para o fundo do auditório, bem no
canto,
sabe? Pois aí a Mary nos barrou e radicalmente, e de maneira firme,
nos
guiou à área vip, na segunda fileira. Ela falava: Nada de
ir
pro fundo. Vocês sentam aqui, ó.
Claro que sentamos e quando vi, estavam do meu lado o príncipe João e, logo ali, o editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz. Me afundei na cadeira, comovido pela adoção do casal. Estava maravilhado, mas constrangido de ser um penetra que se expôs ao lado de duas figuras de maior destaque do evento: o príncipe recebe os convidados do festival em sua propriedade, e o Luiz Schwarcz é um dos criadores da Flip. Glup!
À mesa estavam dois ótimos ensaistas: Beatriz Sarlo e Roberto Schwarz, que conversavam sobre literatura, os caminhos da cultura e o seu deslocamento no campo das ideias. Falaram sobre Borges, Machado. Ela, argentina. Ele, brazuca.
O Luiz me viu e cumprimentou com alguma surpresa. E o príncipe, eu que o cumprimentei, quase como um tique nervoso.
Encontrei ainda o Luiz algumas vezes, almocei na pousada dos autores, sempre com meu pai e minha mãe, recém-adotados. Já com o príncipe não me encontrei. A recepção real fica para a próxima.
PS: Continua na próxima coluna, na qual apresentarei meu terceiro pai.
Claro que sentamos e quando vi, estavam do meu lado o príncipe João e, logo ali, o editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz. Me afundei na cadeira, comovido pela adoção do casal. Estava maravilhado, mas constrangido de ser um penetra que se expôs ao lado de duas figuras de maior destaque do evento: o príncipe recebe os convidados do festival em sua propriedade, e o Luiz Schwarcz é um dos criadores da Flip. Glup!
À mesa estavam dois ótimos ensaistas: Beatriz Sarlo e Roberto Schwarz, que conversavam sobre literatura, os caminhos da cultura e o seu deslocamento no campo das ideias. Falaram sobre Borges, Machado. Ela, argentina. Ele, brazuca.
O Luiz me viu e cumprimentou com alguma surpresa. E o príncipe, eu que o cumprimentei, quase como um tique nervoso.
Encontrei ainda o Luiz algumas vezes, almocei na pousada dos autores, sempre com meu pai e minha mãe, recém-adotados. Já com o príncipe não me encontrei. A recepção real fica para a próxima.
PS: Continua na próxima coluna, na qual apresentarei meu terceiro pai.
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