15 de junho de 2012

“Prometheus”



 Prometheus
Respostas que podem levar à própria origem do homem.
C&N
Se você é um dos aficcionados pela cinessérie Alien, não vá assistir a Prometheus esperando um típico episódio. Apesar da presença de inúmeros elementos correlatos - e um roteiro praticamente igual ao original - há uma distância abismal entre os dois filmes, e não se trata apenas de um ser prelúdio para o outro.
Mais de 30 anos depois (o Alien original é de 1979), o visionário Ridley Scott retorna à franquia tendo à sua disposição, desta vez, o que há de mais sofisticado em termos de tecnologia cinematográfica, e faz excelente uso dela. O que no primeiro filme era criatividade e tensão, neste se transforma num show de imagens e efeitos visuais. Não há nenhum demérito nisso.
A história, basicamente: um casal de paleontólogos/arqueólogos, Elizabeth (Noomi Rapace, do Millennium original, sueco) e Charlie (Logan Marshall-Green), em suas pesquisas, descobrem imagens do mesmo tipo de representação estelar em várias culturas pelo mundo. Algo como um mapa, que deve ser consultado (ou seguido). Alguém pensou em Eram os Deuses Astronautas? , de Erich von Däniken? Um velho milionário, Peter Weyland (um irreconhecível Guy Pearce, num papel que serviria como uma luva a Chistopher Plummer) resolve então financiar uma viagem de reconhecimento, e para lá parte um grupo bastante heterogêneo de pessoas, em busca de respostas. Respostas que podem levar à própria origem do homem.
Depois de um belo e deslocado prólogo, somos apresentados à multicultural e globalizada (praticamente todas as etnias estão presentes) tripulação da nave Prometheus: David (Michael Fassbender, excelente como sempre) que, sem nenhuma surpresa, se revela prontamente como o ser artificial da tripulação; Meredith (Charlize Theron, desperdiçada), que é quem dá as ordens na missão; Janek (Idris Elba), o capitão da nave; e os já citados Elizabeth e Charlie, além de muito outros.
Aliás, neste ponto reside um fator negativo do filme. Enquanto nos filmes anteriores da série sabia-se sempre a quantidade de personagens por filme, neste caso esta informação é indistinta. Além dos personagens principais, de repente, em cenas de mais ação, surgem outros que nem suspeitávamos existirem. Isto, associado à quase indefinição dos personagens - não temos tempo ou oportunidade de reconhecer quase nenhuma característica específica deles - acaba distanciando o espectador, ao invés de torná-lo cúmplice, eliminando o fator claustrofóbico e de necessária empatia do primeiro filme. E esta falta de definição leva a um estranhamento, na medida em que os personagens vão tomando certas atitudes que, aparentemente, não condizem com seu próprio discurso.
Como já dito, o roteiro é muito semelhante ao primeiro episódio da série, e ainda não é desta vez que a gênese das mortais - e quase indestrutíveis - criaturas será explicada. Na realidade, as criaturas também, como em nossa Teoria da Evolução, são fruto de adaptação ao meio; portanto, o belo desenho do suíço HR Giger demora muito a aparecer na tela.
Direção de arte (de Alex Cameron e grande equipe) e figurinos (de Janty Yates), em Prometheus, são um show à parte. Com ecos de 2001 - Uma Odisséia no Espaço (com direção de arte de John Hoesli) e do Alien original (com direção de arte de Roger Christian), o contraponto de formas retas e luz difusa da nave Prometheus com a obscura e orgânica nave alienígena é de tirar o fôlego. Os figurinos também têm grande influência - em seu ar retrô-chic - dos clássicos de ficção científica de meados do século XX, período áureo do design mundial.
A lamentar apenas a ausência - incontornável, dado o período histórico - da personagem-ícone da série, Ripley, vivida pela fantástica Sigourney Weaver. Apesar da exótica figura de Noomi Rapace - explorada à exaustão em Millennium e Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras - sua pequena estatura e fragilidade aparente não parecem ser páreo para o que está por vir. Sim, porque o final aberto deste episódio leva a esperar ao menos uma continuação, que certamente está por vir.
Ah, e neste caso, procure assistir à projeção em 3D e, se possível, em Imax. O resultado é alucinante; imersão total. Não perca!
Prometheus (EUA - 2012 - 124’) Direção: Ridley Scott Com: Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Logan Marshall-Green, Idris Elba e Guy Pearce, entre outros.
Distribuição: Fox Filmes
Onde: Espaço Unibanco Pompeia - Sala Imax - Rua Turiaçu, 2100 - Perdizes Tel.: (11) 3673-3949
Sessões: 19h e 21h30

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