“Para Roma Com Amor”
Para ser apreciado com espírito italiano.
C&N
É bom
ver como Woody Allen, do alto dos seus 76 anos, ainda
consegue
manter sua leveza, seu bom humor e seu eternamente apurado senso crítico. É
bom
ver que o envelhecimento não está nas certidões de nascimento. É bom ver
“Para Roma Com Amor”, o mais recente trabalho do cineasta, um
filme leve, divertido, totalmente livre e descompromissado. Como um passeio
pela
Cidade Eterna.
Em “Para
Roma
Com Amor” Allen presta uma homenagem às antigas comédias
italianas dos anos 1960. Daquelas feitas em episódios. Ele não divide
seu
filme, contudo, em pequenas histórias estanques, como faziam os produtores
italianos daquela época, preferindo, sim, contar três historietas que
caminham
de forma paralela. Ou seja, elas não se encontrarão. Acho engraçado quando
algum
texto diz que determinado filme conta histórias paralelas que se encontram,
pois
no meu tempo de colégio as paralelas nunca se encontravam. Mas isso é outra
história.
No
filme de Allen, há um homem comum,
extremamente igual a tantos outros, que repentinamente, sem nenhum motivo
aparente, é eleito pela mídia para ser “o famoso do momento”. O cineasta
retoma
aqui o tema do vazio da fama instantânea, que ele já havia dissecado em
“Celebridades”. Falando em cinema italiano, há nesta trama
algo de
“Belíssima”, de Visconti, mas sem nenhuma pretensão de
sequer arranhar o conteúdo do velho mestre. Também é clara a referência aos
paparazzi, personagem batizado a partir de um fotógrafo do filme
“A
Doce Vida”, de Fellini.
Fellini também
está
presente – e muito – em outra história de “Para Roma Com Amor”:
um
casal do interior chega à capital para encontrar parentes ilustres. Ele,
preocupado em fazer uma boa imagem junto aos tios e primos. Ela, sonhadora,
se
perde pelas ruas de Roma, e acaba flertando com o mundo das artes e
espetáculos.
Impossível não lembrar de “O Abismo de um Sonho”, de
Fellini, que tem uma trama parecidíssima. Se fosse um filme meu,
seria
plágio. Como é de Allen, é referência.
E
a terceira trama fala de um agente
funerário dono de uma voz extraordinária para a ópera, mas que só consegue
cantar bem se for debaixo de seu chuveiro. Um produtor aposentado (papel
vivido
pelo próprio Allen, que não aparecia nas telas desde
“Scoop”, de 2006) quer de qualquer forma levá-lo ao
show
business. Mas e o chuveiro?
“Para Roma Com Amor”, é um filme para
ser
apreciado com espírito italiano: sem grandes exigências, deixando as emoções
fluírem, mantendo o riso solto e a paixão à flor da pele. Está longe de ser
um
dos melhores trabalhos de Woody Allen, mas é refrescante e bem-vindo
com
um belo espumante no final da tarde.
“Para
Roma Com Amor”
(“To Rome with Love” - EUA/Itália/Espanha -
2012 -
102’) Direção: Woody
Allen Com: Ellen
Page, Woody Allen, Jesse Eisenberg, Penélope
Cruz, Alec Baldwin, Roberto Benigni,
Judy Davis e Ornella Muti, entre
outros.
Distribuição: Paris
Filmes
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