E Aí, Comeu?
Uma lebre vendida por gato.
C&N
Esta nova incursão de Bruno Mazzeo nas telas de cinema é
uma lebre vendida por gato. Explico: depois de uma introdução
(sem
trocadilho) completamente casca grossa, o filme se revela quase uma
comédia romântica, às avessas.
“E Aí, Comeu?” - que estreia amanhã nos
cinemas -, baseado na peça homônima de Marcelo Rubens Paiva, de 1998,
conta a história de três amigos, representantes de três
‘castas’
do homem na sociedade atual: o casado
machista, o solteiro convicto e o
recém-abandonado, fragilizado. Na sequência, eles são
Honório (Marcos Palmeira), Fonsinho (Emílio
Orciollo
Neto) e Fernando (Bruno Mazzeo).
Enquanto Honório, em sua aparente estabilidade matrimonial, desconfia
ser
traído por sua independente e bem resolvida esposa, Leila
(Dira
Paes, muito bem, fugindo do estereótipo pobreza x sofrimento),
Fonsinho, escritor de obra única e inacabada, somente se
interessa
pelo que não pode ter, ou seja, mulheres casadas ou sua grande paixão
recolhida,
a garota de programa Alana (Juliana Schalch), única pessoa a
ter
acesso aos rascunhos de seu livro. Já Fernando passa seu tempo
todo tentando entender porque foi abandonado por Vitória
(Tainá
Muller), até conhecer Gabi (Laura Neiva), adolescente que
resolve
seduzi-lo.
E,
é claro, os três têm seu ponto de
encontro quase diário, o Bar Harmonia, onde invariavelmente
são
atendidos por Seu Jorge (Seu Jorge), o garçom
filósofo/conselheiro
que é muito parecido com o cantor, daí o apelido.
Na
intenção de realizar uma comédia
(romântica) contemporânea, “E Aí, Comeu!” acerta
no
enfoque do grupo de amigos e na ambientação. O filme, apesar de se passar no
Rio de Janeiro, poderia facilmente estar ambientado em São
Paulo
ou Belo Horizonte, por exemplo. Há um mínimo de bairrismo na escolha
de
locações; não há sequer uma única cena de praia em todo o filme, que foge
bem da
estética Zona Sul / Favela / Violência.
Já as
personagens, talvez um pouco simplificadas demais, atendem à estratificação
pretendida pelo roteiro de Marcelo Rubens Paiva e Lusa
Silvestre,
tipificando claramente cada um dos envolvidos. O grande trunfo reside na
coloquialidade dos diálogos, extremamente críveis.
Tudo isso
aliado à
empatia quase automática ao tema leve e urbano, e ao bom elenco, muito à
vontade
e entrosado, devem garantir bom público a esta divertida comédia, muito
menos
machista do que o título pode levar a supor. Experimente!
“E Aí,
Comeu?” (Brasil - 2012 - 100’) Direção: Felipe Joffily Com: Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo, Emilio Orciollo
Netto, Laura Neiva, Dira Paes,
Juliana
Schalch, Tainá Muller, Seu Jorge,
Murilo Benício, Katiuscia Canoro e José de
Abreu, entre outros.
Distribuição: Paris
Filmes
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