29 de junho de 2012

Paulo Gustavo ‘Loucos por Séries’


Loucos por Séries
Contagem Regressiva.
C&N
Já vai começar a contagem regressiva para a nova programação brasileira dos canais por assinatura. Nessa época do ano, os homens e mulheres que cuidam de aquisições da Sony, Warner e Universal, para citar alguns dos canais por assinatura que estão no Brasil, já brigaram no mercado internacional para adquirir os direitos de exibição dos futuros lançamentos das redes americanas ABC, CBS, NBC e Fox. Não é uma tarefa fácil, mas é um grande prazer para quem gosta dessa área. Um conhecido amigo, que trabalha em aquisições de um canal por assinatura, revelou que assistiu esse ano cerca de 50 pilotos de novas séries. Mas não soube informar quais delas poderão ganhar a telinha brasileira, ainda, porque essa grande revelação será feita entre setembro e outubro, pelas próprias emissoras. Cabe lembrar que a maioria dessas produções também vem dos grandes estúdios como Fox, Paramount, Universal, Warner, Disney, e de canais de TV ligados a eles como a CBS (Paramount), ABC (Disney), NBC (Universal) e Fox.
Mas decidi dar uma olhada no que chama mais a atenção, na nova programação das redes americanas, e escolhi alguns dos futuros lançamentos para comentar, principalmente os que agregam suspense, fantasia e ficção. Veja a primeira parte das novas séries da temporada 2012 / 2013:
666 Park Avenue (ABC)
A história: Você lembra quando Mia Farrow e John Cassavettes foram morar no famoso Dakota Building, na região do Central Park em Nova York, e ela descobre que o maridão fez um pacto com o diabo, colocando-a na posição de amante do capeta? A ideia dessa nova série é colocar um casal neste prédio, que na realidade é o número 999, mas que oculta um bando de vizinhos ligados a celebrações sinistras como missas negras e contatos de primeiro grau com as criaturas das trevas.
O comentário: O produtor e roteirista David Wilcox, que também trabalhou em Fringe, Lei & Ordem e First Wave, é o responsável por essa ideia interessante, mas vai depender do nível de suspense e de tramas paralelas para fazer com que o público fique ligado em histórias sobrenaturais. A ideia de dizer que o prédio é similar ao Dakota de Nova York, já é bem curiosa. Sem falar que no elenco está o fantástico Terry O’Quiin, que tem uma legião considerável de fãs depois de Lost.
Last Resort (ABC)
A história: Comandante de um submarino nuclear americano decide não cumprir as estranhas ordens que chegaram durante uma missão de rotina, obrigando a nave a atacar o Paquistão com o arsenal nuclear. A ordem do ataque veio da mesma entidade secreta que também está ordenando a caçada ao submarino e a destruição dele e da tripulação. Como o capitão não é marinheiro de primeira viagem, ele ruma para uma ilha no Caribe e aponta seus mísseis para os Estados Unidos até que alguém diga por que ele e sua tripulação viraram presas de uma caçada nuclear.
O comentário: A base dessa história caberia bem num longa metragem, com muita ação e reviravoltas. Mas a ideia lembra um pouco de Jericho, onde apenas uma pessoa sabe o que está acontecendo de verdade, deixando milhares reféns de uma mentira. O problema é saber como uma série que tem como base chantagem atômica, consegue prender a atenção do publico, levando-se em consideração que até o final da primeira temporada, é necessário saber por que o submarino está sendo caçado, deixando o quem para outra temporada.
Zero Hour (ABC)
A história: Homem é surpreendido com um telefonema de sua esposa, que o avisa que alguém está entrando em sua casa. Para seu desespero, a esposa é raptada por um conhecido terrorista internacional, que sumiu com ela sem deixar pistas. Sem saber o motivo, ele lembra que os dois compraram um relógio antigo no dia anterior ao sequestro. Ao analisar o objeto, ele descobre que o relógio faz parte de um grupo de 12, que podem revelar um segredo milenar envolvendo uma sociedade religiosa que jurou protegê-lo a qualquer custo. Começa agora, uma corrida contra o tempo, para localizar os outros relógios e salvar a esposa de um destino cruel e, por tabela, o mundo inteiro.
O comentário: Conspiração mundial é aquela que envolve aparentemente um cidadão simples, mas que terá força suficiente para ir atrás de respostas e acabar com os conspiradores. Feita essa observação, vamos lembrar que nenhuma conspiração, numa série de TV, deve deixar o público angustiado demais por respostas. Em Lost, o mistério da ilha fez muita gente abandonar o barco no final da terceira temporada. Só que essa conspiração atira em vários pontos interessantes, como a busca pelos relógios que foram construídos para revelar um segredo do cristianismo e, que os vilões estão ligados aos nazistas. Sem contar que o personagem do Anthony Edwards, o marido em busca da esposa raptada, tem uma sinistra ligação com o passado da Alemanha. E aí começa todo o mistério...
Elementary (CBS)
A história: Depois de ser afastado da consultoria que prestava à Scotland Yard por estar usando drogas, o jovem e experiente detetive Sherlock Holmes é internado numa clinica de reabilitação em Nova York. Para mantê-lo sob vigilância, o pai de Holmes contrata a doutora Joan Watson para deixar o dono de uma mente intuitiva, voltar do caminho das drogas. Só que Sherlock começa a investigar, por conta própria, um caso de assassinato na Big Apple, sendo auxiliado pela Dra. Watson, que começa a ficar admirada com o talento em desvendar mistérios de seu paciente.
O comentário: com o sucesso da série da BBC, Sherlock, que coloca nos dias de hoje as aventuras de Sherlock Holmes e John Watson, era quase que inevitável que os americanos quisessem trazer o famoso detetive inglês criado por Arthur Conan Doyle no final do século 19, também numa versão moderna e americana. Tudo bem que levar Holmes para uma Nova York moderna é uma ideia muito legal. O que bate de frente é o fato que Watson agora é uma mulher (interpretada por Lucy Liu), o que pode gerar no futuro, com a série engrenada, a famosa tensão sexual vista em Arquivo X e A Gata e o Rato, por exemplo. Além do sacrilégio de vermos Holmes e Watson, na versão americana, apaixonados. Cruzes...
Arrow (CW)
A história: Oliver Queen, filho de um milionário, fica preso numa ilha após o naufrágio do barco em que viajava. Durante os anos que ficou lá, acabou desenvolvendo uma habilidade fora do normal com arco e flecha. Ao retornar a cidade natal, Star City, ele decide usar essas habilidades para ajudar a combater o crime usando a identidade secreta do Arqueiro Verde.
O comentário: Ninguém acreditava que o personagem Arqueiro Verde conseguisse ganhar simpatia dos fãs de Smallville, quando ele entrou na quinta temporada para fazer uma participação especial na série. Pois não é que ele ficou até o final? Foi apostando no carisma do Arqueiro Verde que o canal CW, emissora que exibiu as dez temporadas de Smallville, decidiu fazer um voo solo para o personagem. Mas como ficam os fãs de Justin Hartley, que fez o Arqueiro em Smallville? Ele não será o novo herói, agora interpretado pelo canadense Stephen Amell, um ator mais experiente e que já participou de outras séries como Hung, Heartland, New Girl e Private Practice. Quem for contra, que atire a primeira flecha.
A Bela e a Fera (CW)
A história: A jovem Catherine Chandler testemunha a morte de sua mãe, e só consegue se salvar de ser morta também pela mesma quadrilha, por alguém ou alguma coisa, que salva sua vida. Com o passar dos anos, ela se torna detetive de polícia de Nova York e acaba cruzando o caminho de Vincent Keller, um jovem médico que tem um grande segredo: quando fica nervoso ou furioso ele se torna a Fera, com força sobrehumana. Os dois acabam juntos para lutar contra o crime organizado e contra uma organização secreta, que criou pessoas como Vincent.
O comentário: Essa é uma produção do CW, que resgata a cultuada série dos anos 1980, estrelada por Linda Hamilton e Ron Perlman, agora interpretados por Kristin Kreuk (Smallville) e Jay Ryan (Terra Nova). Aí entra o romance entre o casal central, inicialmente impossível, a conspiração para criar o supersoldado da qual o único resultado prático foi Vincent, que se transforma numa criatura poderosa quando fica nervoso. Ou seja, podemos estar vendo o começo de uma grande saga romântica, tendo como base a série dos anos 1980.
Cult (CW)
A história: Um jornalista investigativo tenta descobrir o paradeiro do irmão que, antes de desaparecer, havia avisado que sua vida estava por um fio por causa do seriado de TV Cult. O que parecia só um caso de fanatismo exagerado, acaba se transformando num grande mistério envolvendo a produção dessa série de TV e sua legião de fãs, que faria qualquer coisa para manter o programa no ar. Até mesmo raptar e matar.
O comentário: Nada como um jornalista investigando um estranho caso de desaparecimento, mesmo quando ele não tem o poder de resolver rapidamente o mistério. A série vai colocar em cheque o fanatismo por uma série de TV que, consumida em doses exageradas, pode gerar dor de cabeça para fãs e seus amigos. Será que ela tem força de pegar de cheio o público do CW, acostumado como The Vampire Diaries, Supernatural e Gossip Girl? Bom, a ideia da série partiu de Rockne S. O’Bannon, responsável pelo cultuado Farscape – Numa Galáxia Distante.
Revolution (NBC)
A história: Um misterioso desastre leva o planeta inteiro a ficar sem nenhum tipo de energia elétrica, ou derivada dela. Quinze anos depois, quando a maior parte daqueles que sobreviveram ao desastre se acostumou ao novo estilo de vida, surge a informação de que alguém sabe a origem do desastre. E para isso, será necessário pegar em armas para liderar o povo americano a uma nova revolução contra aqueles que querem dominar o planeta a qualquer custo.
O comentário: Mais uma conspiração mundial com toques de ficção científica, criada por J.J. Abrams, que não conseguiu emplacar a sua série de suspense Alcatraz, na Fox americana, nem Undercovers, série de espionagem para a NBC. Novamente, a série remete à cultuada Jericho, especialmente pelo fato de uma hecatombe desconhecida fazer o mundo, literalmente, sair da era industrial e se transferir para a era pastoral. Dá para fazer muita coisa, especialmente porque tem um grupo de pessoas que quer descobrir a verdade. Resta saber quanta verdade está escondida no desenrolar da história.
Do No Harm (NBC)
A história: Nada depõe contra a imagem do Dr. Jason Cole, um dos mais proeminentes neurocirurgiões dos Estados Unidos. Profissional e com um grande coração, ele tem vivido em paz com sua consciência nos últimos cinco anos, quando conseguiu deixar, no lado escuro de seu cérebro, a personalidade adormecida de uma pessoa que não dá a mínima para ninguém, gosta de sexo e é um sociopata conhecido como Ian Price. Sim, essas duas personalidades habitam o corpo de uma só pessoa, que havia conseguido controlar Ian, com base num soro especial criado por Jason. Mas o soro esta perdendo o efeito e Ian quer ser mais importante do que Jason, custe o que custar.
O comentário: uma nova e divertida versão de O Médico e o Monstro, mas colocando no plano psiquiátrico o Distúrbio de Identidade Dissociativa, mal que se aplica ao determinado Dr. Jason. A série promete tensão e suspense, já que Ian, a outra personalidade de Jason, tem muito a oferecer. Basta apenas não cair na simplicidade de fazer com que Jason acorde no meio de uma confusão provocada por Ian, que a série pode dar o que falar.
The Following (Fox)
A história: A fuga de Joe Carroll (James Purefoy), um assassino psicopata condenado à morte por matar 14 jovens mulheres oito anos antes, traz novamente para a ação o agente aposentado Ryan Hardy (Kevin Bacon), responsável pela primeira prisão do assassino em série. Mas ao conseguir capturar o psicopata novamente, Hardy descobre que ele lidera uma legião de outros assassinos que irão continuar o seu violento trabalho, que considera uma obra de arte. Agora, os dois antagonistas terão que se enfrentar num jogo de xadrez, onde a próxima vítima pode estar muito próxima.
O comentário: Se existir uma tal de Síndrome de O Silêncio dos Inocentes, teremos nessa série um exemplo prático. Afinal, jogar na mesma cena um psicopata e o policial que o prendeu é o que no teatro se chama de tour de force, principalmente quando estamos falando de James Purefoy (Roma) e Kevin Bacon (Meninos e Lobos). O que pode ser interessante é a constante busca pelos membros desse culto (os seguidores do título original), a cada episódio colocando à beira do abismo, a próxima vítima.
Paulo Gustavo Pereira apresenta o programaLoucos Por Sériesno canal Imagine TV’ (TVA/Telefônica), e o programaAlmanaque dos SeriadospelaClicTV’. Também é editor da revistaSci-Fi Newse autor doAlmanaque dos Seriados’ (Ediouro) eAnimaq - Almanaque dos Desenhos Animados” (Matrix Editora).

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