“Para
Sempre”
Hollywood sempre dá um
jeito.
C&N
Para Sempre
não é uma história de amor tradicional. Pelo menos no formato. No roteiro, o
casal hipster formado por Channing Tatum e Rachel
McAdams
não se conhece e se apaixona para enfrentar algumas reviravoltas turbulentas
até
fazer as pazes no final. Quem sabe, até com casamento. Não. No filme
dirigido
por Michael Sucsy (não Sucks), os pombinhos já estão casados e
vivem, digamos, num cenário de conto de fadas urbano, no mundo ideal de
qualquer
mulher que sonha (ou já sonhou) com o Príncipe Encantado. O único deslize do
casal foi não se proteger na hora do sexo dentro do carro. Não falo de
camisinha, mas do cinto de segurança. E BUM! Ela entra em coma
e
ainda estamos no começo do filme, quando nem deu tempo para o espectador
mais
sentimental chorar pela tragédia.
O
filme de verdade tem início na hora
em
que a moça acorda sem lembrar nada vezes nada da fase de sua vida ao lado do
pobre marido. O que ele faz em vez de surtar? Joga o sofrimento pra dentro e
tenta conquistar pacientemente a garota de novo. É de homens assim que a
mulherada precisa, não?
Lançado nos EUA na semana do Valentine’s
Day e, no Brasil (TA-DA) também no Dia dos
Namorados, Para Sempre tinha vocação de sobra para
ser
diferenciado e marcar época entre diversos romances clichês que invadiram as
telas nos últimos anos, graças às adaptações dos livros apelativos de
Nicholas Sparks. E, ainda bem, Para Sempre não vem da
obra desse autor. Aliás, tem um início diferente do mais do mesmo porque é
baseado em fatos reais. Num mundo perfeito, não teria muito como fugir
disso.
Mas Hollywood
sempre dá um jeito. A tendência do gênero é entregar algo mais próximo do
estilo
de Sparks. E o filme, com aprovação ou não de seu diretor, desanda aos
poucos
para diálogos, situações e narrações em off melosas e previsíveis,
que
deixariam o autor de Querido John e Diário de Uma
Paixão orgulhoso. O filme é reduzido a um mero programa a
dois.
De preferência numa data como o Dia dos Namorados. Nada mais.
Queria saber como o diretor – estreante no cinema, mas responsável pelo
premiado
filme para TV Grey Gardens – faria o filme após a
onda
Sparks passar e não deixar lembranças. Mas nunca
saberemos.
Felizmente,
como de
alguma forma, o filme precisa ser fiel aos fatos, temos uma historinha
simpática, que mantém o interesse até o fim, sem muito tempo para seguir
fórmulas consagradas (e desgastadas) do gênero.
Embora suas atitudes sejam um tanto difíceis de acreditar, é fácil se ver
na
pele do personagem de Channing ‘sem camisa’ Tatum. E
doloroso. Sucsy contribui para isso pintando Chicago como uma
cidade triste, cinzenta, com poucas cores – a não ser a dos
hipsters.
Sobre ser ‘difícil de acreditar’ no protagonista: o filme está preso aos
fatos
reais, mas insiste em promover seu herói como o homem
nicholasparkiano,
vindo de um reino de fantasia.
Sorte que a boa química entre Tatum e McAdams ajuda, embora ele
ainda não tenha percebido que é melhor em comédia (Anjos da
Lei está aí para confirmar) e ela exagere nas carinhas e
boquinhas
(Rachel McAdams pode mais que isso). Onde os dois falham em suas atuações,
sempre teremos intervalos para os coadjuvantes de luxo Sam Neill e,
principalmente, Jessica Lange brilharem.
Também vale a pena a ótima trilha sonora, que inclui a
introdução de England, bela canção do The
National, no clímax do filme, e Pictures of
You, clássico do The
Cure,
cuja letra combina perfeitamente com o filme.
“Para
Sempre” (“The
Vow” - EUA - 2012 - 109’) Direção: Michael Sucsy Com: Channing Tatum, Rachel McAdams,
Sam Neill e Jessica Lange,
entre outros.
Distribuição: Sony Pictures
Acesse: www.hollywoodiano.com.
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