14 de junho de 2012

“Para Sempre”


Para Sempre
Hollywood sempre dá um jeito.
C&N
Para Sempre não é uma história de amor tradicional. Pelo menos no formato. No roteiro, o casal hipster formado por Channing Tatum e Rachel McAdams não se conhece e se apaixona para enfrentar algumas reviravoltas turbulentas até fazer as pazes no final. Quem sabe, até com casamento. Não. No filme dirigido por Michael Sucsy (não Sucks), os pombinhos já estão casados e vivem, digamos, num cenário de conto de fadas urbano, no mundo ideal de qualquer mulher que sonha (ou já sonhou) com o Príncipe Encantado. O único deslize do casal foi não se proteger na hora do sexo dentro do carro. Não falo de camisinha, mas do cinto de segurança. E BUM! Ela entra em coma e ainda estamos no começo do filme, quando nem deu tempo para o espectador mais sentimental chorar pela tragédia.
O filme de verdade tem início na hora em que a moça acorda sem lembrar nada vezes nada da fase de sua vida ao lado do pobre marido. O que ele faz em vez de surtar? Joga o sofrimento pra dentro e tenta conquistar pacientemente a garota de novo. É de homens assim que a mulherada precisa, não?
Lançado nos EUA na semana do Valentine’s Day e, no Brasil (TA-DA) também no Dia dos Namorados, Para Sempre tinha vocação de sobra para ser diferenciado e marcar época entre diversos romances clichês que invadiram as telas nos últimos anos, graças às adaptações dos livros apelativos de Nicholas Sparks. E, ainda bem, Para Sempre não vem da obra desse autor. Aliás, tem um início diferente do mais do mesmo porque é baseado em fatos reais. Num mundo perfeito, não teria muito como fugir disso.
Mas Hollywood sempre dá um jeito. A tendência do gênero é entregar algo mais próximo do estilo de Sparks. E o filme, com aprovação ou não de seu diretor, desanda aos poucos para diálogos, situações e narrações em off melosas e previsíveis, que deixariam o autor de Querido John e Diário de Uma Paixão orgulhoso. O filme é reduzido a um mero programa a dois. De preferência numa data como o Dia dos Namorados. Nada mais. Queria saber como o diretor – estreante no cinema, mas responsável pelo premiado filme para TV Grey Gardens – faria o filme após a onda Sparks passar e não deixar lembranças. Mas nunca saberemos.
Felizmente, como de alguma forma, o filme precisa ser fiel aos fatos, temos uma historinha simpática, que mantém o interesse até o fim, sem muito tempo para seguir fórmulas consagradas (e desgastadas) do gênero.
Embora suas atitudes sejam um tanto difíceis de acreditar, é fácil se ver na pele do personagem de Channingsem camisaTatum. E doloroso. Sucsy contribui para isso pintando Chicago como uma cidade triste, cinzenta, com poucas cores – a não ser a dos hipsters. Sobre ser ‘difícil de acreditar’ no protagonista: o filme está preso aos fatos reais, mas insiste em promover seu herói como o homem nicholasparkiano, vindo de um reino de fantasia.
Sorte que a boa química entre Tatum e McAdams ajuda, embora ele ainda não tenha percebido que é melhor em comédia (Anjos da Lei está aí para confirmar) e ela exagere nas carinhas e boquinhas (Rachel McAdams pode mais que isso). Onde os dois falham em suas atuações, sempre teremos intervalos para os coadjuvantes de luxo Sam Neill e, principalmente, Jessica Lange brilharem.
Também vale a pena a ótima trilha sonora, que inclui a introdução de England, bela canção do The National, no clímax do filme, e Pictures of You, clássico do The Cure, cuja letra combina perfeitamente com o filme.
Para Sempre(“The Vow - EUA - 2012 - 109’) Direção: Michael Sucsy Com: Channing Tatum, Rachel McAdams, Sam Neill e Jessica Lange, entre outros.
Distribuição: Sony Pictures

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