6 de junho de 2012


Fame, o Musical

Bom resultado para um original nem tanto.
C&N
Em cartaz em São Paulo, “Fame, o Musical” é um atípico show da Broadway. O musical dos palcos, criado a partir de um grande sucesso do cinema - “Fama” (Fame, 1980), com direção de um quase desconhecido Alan Parker que, à época, transitou por São Paulo para o lançamento do filme sem sequer um assédio que fosse por parte de imprensa ou público - e de uma série de TV homônima - “Fame”, 1982 a 1987 - que durou seis temporadas e, do filme original, herdou apenas três dos personagens principais (Debbie Allen, como Lydia Grant, a professora de dança que, no filme, entra muda e sai calada; Gene Anthony Ray, como o bad boy da dança Leroy Johnson; e Albert Hague, como o delicioso professor de música, Benjamin Shorofsky, que inclusive faleceu enquanto a série ainda estava no ar), na realidade, só tem em comum com suas origens o nome, a canção título, e alguma semelhança no desenho dos personagens. Infelizmente. Não é o caso nem de se lembrar da infeliz refilmagem de 2009 (com direção de Kevin Tancharoen, desperdiçando talentos como Bebe Newirth, Kelsey Grammer e Megan Mullaly), que tentou, em vão, atualizar a trama do filme original.
Sem deter os direitos sobre todas as músicas utilizadas na trilha do cinema, os produtores da peça conseguiram usar apenas a canção tema (‘Fame’, de Michael Gore e Dean Pitchford, Oscar de Melhor Canção em 1981) - sem a qual, inclusive, não haveria razão do espetáculo existir -, e rechearam a ação com novas canções, escritas especialmente para o palco, por Steve Margoshes e Jacques Levy. Nesta produção Off-Broadway (2003 - 2004), os alunos frequentam a mesma escola, tem o perfil parecido - e até faz-se piadas a respeito desta escola ser a escola do “Fama” - e cantam canções que em muito se assemelham, principalmente, às canções usadas na série de TV.
Mas não vá esperando ver o filme no palco. Infelizmente, a partitura não apresenta praticamente nenhuma canção que ‘grude’ nos ouvidos e o show, para complicar ainda mais, encerra com a canção-tema, o que faz com que a gente esqueça praticamente tudo que ouviu antes.
Nada disso compromete a montagem brasileira que, a rigor, é bem fiel à produção original. Depois de alguns percalços durante as pré-estreias, na abertura oficial, o show já mostrava um ritmo mais adequado, e os devidos ajustes já estavam sendo feitos.
O mais evidente, mesmo para o público pouco atento à questão técnica, é a disparidade entre os componentes do elenco. A opção por nomes mais conhecidos de público - em função, principalmente, da exposição na televisão - não se mostrou a mais adequada para a qualidade técnica do espetáculo. Visivelmente deslocados frente a profissionais mais experientes nos palcos musicais - sim, faz muita diferença a preparação e o treino - talvez fosse o caso de se ‘maquiar’ estas performances diluindo-as no conjunto, e retirando de ombros despreparados o peso de suportar solos fundamentais para o andamento da ação. E também de abaixar um pouco o tom de algumas performances que, no esforço de garantir o alívio cômico do espetáculo, acabam se transformando numa avalanche de trejeitos e gritos histéricos, pretensamente engraçados, mas extremamente irritantes.
Destaques óbvios para as presenças de Corina Sabbas (como Carmen Diaz), Giulia Nadruz (como Serena), Vânia Canto (como Mabel), e Cidália Castro (como Srta. Sherman), as quatro - literalmente - showstoppers do espetáculo, aclamadas com justiça por aplausos em cena aberta. E a excelente direção musical de Paulo Nogueira.
Então, se há problemas com “Fame, o Musical”, na realidade, estes são do original. Os da montagem já estão se resolvendo. Experimente!
Fame - o Musical
Direção geral: Billy Johnstone Concepção e criação: David De Silva Libreto: Jose Fernandez Letra: Jacques Levy Música: Steve Margoshes Versões: Victor Mühlethaler Com: Paloma Bernardi, Corina Sabbas, Klebber Toledo, Murilo Armacollo, MariMoon, Giulia Nadruz, Bruno Narchi, Rafael Machado, Gabriela Rodrigues, Vânia Canto, Rodrigo Bulgarelli, Cidalia Castro, Vivi Mori, Arizio Magalhães, Fabio Robba e grande elenco Direção musical: Paulo Nogueira Coreografia: Guto Muniz Preparação vocal: Rafael Villar Cenografia: Duda Arruk Figurinos: Najla Dib Luz: Wagner Freire Direção de produção: Rosangela Longhi Produção: Ricardo Marques Realização: 4Act Produções Artísticas - www.fameomusical.com.br
Onde: Teatro Shopping Frei Caneca - Rua Frei Caneca, 569 - Consolação Tel.: (11) 3472-2226
Quando: 5ª às 21h;às 21h30; sábados às 17h e 21h; domingos às 18h Até: 29/07 Quanto: R$ 100 e R$ 140

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