“Fame, o Musical”
Bom resultado para um original nem tanto.
C&N
Em cartaz em São Paulo, “Fame, o Musical” é
um
atípico show da Broadway. O musical dos palcos, criado a partir de um
grande sucesso do cinema - “Fama” (Fame, 1980), com
direção
de um quase desconhecido Alan Parker que, à época, transitou
por
São Paulo para o lançamento do filme sem sequer um assédio que fosse
por
parte de imprensa ou público - e de uma série de TV homônima -
“Fame”, 1982 a 1987 - que durou seis temporadas
e,
do filme original, herdou apenas três dos personagens principais (Debbie
Allen,
como Lydia Grant, a professora de dança que, no filme, entra muda e
sai
calada; Gene Anthony Ray, como o bad boy da dança Leroy
Johnson; e
Albert Hague, como o delicioso professor de música, Benjamin
Shorofsky,
que inclusive faleceu enquanto a série ainda estava no ar), na realidade, só
tem
em comum com suas origens o nome, a canção título, e alguma semelhança no
desenho dos personagens. Infelizmente. Não é o caso nem de se lembrar da
infeliz
refilmagem de 2009 (com direção de Kevin Tancharoen, desperdiçando talentos
como
Bebe Newirth, Kelsey Grammer e Megan Mullaly), que tentou, em vão, atualizar
a
trama do filme original.
Sem deter
os
direitos sobre
todas
as músicas utilizadas na trilha do cinema, os produtores da peça conseguiram
usar apenas a canção tema (‘Fame’, de Michael Gore e Dean Pitchford, Oscar de
Melhor
Canção em 1981) - sem a qual, inclusive, não haveria razão do espetáculo
existir -, e rechearam a ação com novas canções, escritas especialmente para
o
palco, por Steve Margoshes e Jacques Levy. Nesta produção Off-Broadway
(2003 -
2004), os alunos frequentam a mesma escola, tem o perfil parecido - e até
faz-se
piadas a respeito desta escola ser a escola do “Fama” - e
cantam
canções que em muito se assemelham, principalmente, às canções usadas na
série
de TV.
Mas não vá
esperando ver o filme no palco. Infelizmente, a partitura não apresenta
praticamente nenhuma canção que ‘grude’ nos ouvidos e o show, para complicar
ainda mais, encerra com a canção-tema, o que faz com que a
gente
esqueça praticamente tudo que ouviu antes.
Nada disso compromete a montagem brasileira que, a rigor, é bem fiel à produção original. Depois de alguns percalços durante as pré-estreias, na abertura oficial, o show já mostrava um ritmo mais adequado, e os devidos ajustes já estavam sendo feitos.
Nada disso compromete a montagem brasileira que, a rigor, é bem fiel à produção original. Depois de alguns percalços durante as pré-estreias, na abertura oficial, o show já mostrava um ritmo mais adequado, e os devidos ajustes já estavam sendo feitos.
O mais
evidente, mesmo
para
o público pouco atento à questão técnica, é a disparidade entre os
componentes
do elenco. A opção por nomes mais conhecidos de público - em função,
principalmente, da exposição na televisão - não se mostrou a mais adequada
para
a qualidade técnica do espetáculo. Visivelmente deslocados frente a
profissionais mais experientes nos palcos musicais - sim, faz muita
diferença
a preparação e o treino - talvez fosse o caso de se ‘maquiar’
estas
performances diluindo-as no conjunto, e retirando de ombros despreparados o
peso
de suportar solos fundamentais para o andamento da ação. E também de abaixar
um
pouco o tom de algumas performances que, no esforço de garantir o alívio
cômico
do espetáculo, acabam se transformando numa avalanche de trejeitos e gritos
histéricos, pretensamente engraçados, mas extremamente
irritantes.
Destaques
óbvios para as
presenças de Corina Sabbas (como Carmen Diaz), Giulia
Nadruz (como Serena), Vânia Canto (como Mabel), e
Cidália Castro (como Srta. Sherman), as quatro -
literalmente -
showstoppers do espetáculo, aclamadas com justiça por aplausos em
cena
aberta. E a excelente direção musical de Paulo
Nogueira.
Então, se há
problemas com “Fame, o Musical”, na realidade, estes são do
original. Os da montagem já estão se resolvendo.
Experimente!
“Fame
- o
Musical”
Direção geral: Billy Johnstone Concepção e criação: David De Silva Libreto: Jose Fernandez Letra: Jacques Levy Música: Steve Margoshes Versões: Victor Mühlethaler Com: Paloma
Bernardi, Corina
Sabbas, Klebber Toledo,
Murilo Armacollo,
MariMoon,
Giulia Nadruz, Bruno
Narchi, Rafael Machado,
Gabriela Rodrigues, Vânia
Canto, Rodrigo
Bulgarelli,
Cidalia Castro, Vivi
Mori, Arizio Magalhães,
Fabio
Robba e grande
elenco
Direção musical:
Paulo
Nogueira Coreografia:
Guto Muniz Preparação
vocal: Rafael Villar Cenografia: Duda Arruk Figurinos: Najla Dib Luz: Wagner Freire Direção de produção: Rosangela Longhi Produção: Ricardo Marques
Realização:
4Act
Produções Artísticas - www.fameomusical.com.br
Onde: Teatro Shopping Frei
Caneca
- Rua Frei Caneca, 569 - Consolação Tel.: (11) 3472-2226
Quando: 5ª
às 21h; 6ª às 21h30; sábados
às 17h e 21h; domingos às 18h Até: 29/07 Quanto: R$ 100
e R$ 140
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